Antes mal acompanhado do que só!
Antes mal acompanhado do que só!
A Emerenciana não concorda. Diz que eu falo isto só para ser do contra. Aproveito a sua crença em Deus para argumentar, com a história de vida de Jesus, o filho de Deus, que não sou do contra. Aliás, concordo com ela, a máxima da má companhia não vale para os relacionamentos íntimos, nem para as crianças e adolescentes. No primeiro caso, a razão é simples, não se dorme com quem não se pode ter confiança incondicional. No caso das crianças e adolescentes, eles ainda não conseguem ser imunes à influência da má companhia.
Cristo, quando criança, discutiu com os sábios, os pregadores de templos, possivelmente, naquela época, parecidos com os que temos hoje, disseminados pelas redes de comunicação em massa, pessoas não confiáveis. Mas Jesus era filho de Deus, portanto, apesar dos Judeus, também Deus, por isso mesmo imune à ingerência. Nossas crianças e adolescentes são criaturas de Deus, são filhos adotivos de Deus, e não são imunes à interferência nefasta das más companhias, portanto não podem, como o filho de Deus, acompanhá-las.
Jesus conviveu com matadores, torturadores, traidores, renegadores, prostitutas e na hora final se fez acompanhar de ladrões, só para ensinar que é possível resgatar a dignidade da vida.
É claro que não se pode negar a desproporcionalidade entre a capacidade de conviver e restaurar almas de Deus, na materialidade de Jesus, com a das criaturas de Deus, portanto, é necessário que o exercício do convívio com más companhias seja cercado de cuidados para não incorrer em riscos desnecessários.
Mas, de todo modo, filhos adotivos de Deus não devem prescindir da companhia de outros filhos adotivos de Deus, pois só a interação interpessoal, ainda que não restaure almas, poderá mitigar a inapelável sensação de solidão!
João dos Santos Leite
Psicólogo CRP04-2674