Brasas preciosas
“Após quase dez anos juntos, Juju Salimeni e Felipe Franco subiram ao altar e trocaram alianças... A noiva chegou à igreja com vinte minutos de atraso, usando joias avaliadas em cerca de R$ 1 milhão: uma tiara de brilhantes, um par de brincos de brilhantes e platina, e um anel de esmeralda colombiana e brilhantes brancos em formato de coração... um vestido off-white feito com renda francesa de mangas longas e um enorme decote nas costas... a peça avaliada em cerca de R$ 40 mil...” ( O Estadão )
Confesso que quase nada sei do referido casal, tampouco, suas vidas em particular me dizem respeito. Entretanto, ouso dizer que muitas pessoas invejam a “sorte” da noiva subindo ao altar assim, ostentando tantos “valores”.
Que o materialismo doentio, há muito, é o “bem” preponderante no barco humano, não é novidade; porém, uma faceta febril da riqueza dá azo a algumas reflexões. A ostentação. Qual seu fim, ou, sua causa?
Talvez, quem exibe tais dotes deseja mostrar a todos quanto é feliz? Ou, patentear ante a sociedade que é “poderoso (a)” pra usar uma palavra da moda.
Eu sempre imaginei que a felicidade fosse expressa sem auxílio de muletas; aliás, Salomão ( posto que, ostentou muito ) colocou a pista da alegria sob outra lupa, disse: “O coração alegre aformoseia o rosto, mas pela dor do coração o espírito se abate.” Prov 15; 13
Ademais, sabemos todos, que eventuais situações privilegiadas costumam atrair inveja alheia. E depreciamos tal sentimento, contudo, em casos assim, parece que o mal se nos torna um bem...
Mas, diria alguém, pessoas de boa índole admiram apenas, invés de invejar. Aí, perguntam o tico e o teco que me habitam, quereria eu ser “admirado” pelas pedras que penduram em mim, invés da ações que pratico, dos valores que esposo? Seria eu, mera árvore de natal cuja beleza nem está em si, mas, nos penduricalhos?
Estou ciente de minha antipatia, depois de andar tantas frases na contramão. Afinal, nossa geração, salvas raras exceções, acostumou a comprar carvão por diamantes, ver preciosidade no que suja. Quer dizer que a riqueza suja? Não necessariamente, mas, o amor ao dinheiro suja sim, pois, faz dele um fim, quando deveria ser meio.
Jornais publicam o bloqueio de 180 milhões de reais, do jogador Neymar, sob acusação de sonegação de impostos. Imaginem o risco de empobrecer vivido pelo garoto caso decida cumprir as leis! Nada contra seu inegável talento, mas, é uma aberração que coisas fúteis como o futebol sejam recompensadas com tantos milhões, e outras vitais como professores, médicos, policiais, sejam tratados de modo tão injusto. Outra vez, o “brilho” do carvão.
Nada tenho contra a riqueza, desde que, de origem honesta, contudo, se eu fosse milionário num cenário de tanta pobreza adjacente, temo que, no fundo, não seria realmente feliz. Afinal, mesmo vivendo a duras penas, e tendo que “matar um leão por dia”, invés de carros blindados para proteger minha fortuna, cercam-me desafortunados para que me seja facultado enriquecer com muito pouco.
Fácil me seria expor frases bonitas no mundo virtual, uma espécie de “Selfie” da alma, com biquinho, decotes, músculos, tudo; mas, o valores verazes não carecem ostentação, uma vez que se devem medir pelo bem que produzem, não pela inveja que despertam.
Esses “diamantes” serão avaliados devidamente ante o Eterno “Joalheiro”, que a seu tempo os recompensará. O carvão, tudo indica, acabará em meras brasas...