Basta uma colherzinha de chá

Os médicos me proibiram de comer doces. Só que não deixei esse hábito totalmente, reduzi drasticamente, só como um pouquinho de nada depois do almoço. Se não provar do danado fico depressivo. Juro. Sou doido por doce. Bananada, goiabada, em corte, em calda, feito em casa ou industralizado, inclusive aqueles tijolinhos vendidos na feira. Sem esquecer da rapadura e das cocadas.

Gosto, portanto, de todo tipo de doces, de todas as frutas. Mas por uma questão de apego à infância tenho certa predileção pelo doce de leite. Em tijolinho ou em compota. Sempre dei preferência ao feito em casa. Mas quando vim morar em Recife, onde estou exilado, comecei a comprar o doce de leite industrializado. O de Pernambuco, da Tambaú, o de Campina Grande, Lebom, um do Paraná ou Santa Catarina, esqueci o nome e aí me fixei no Camponesa, de Minas Gerais, de Lagoa da Prata, a terra da grande cronista (e excelente cantora, ouvi o áudio dela cantandio Caminhemos). Bom, vinha sendo fiel ao Camponesa, mas aí dia desses fui comprar no supermercado e estava em falta, fiquei logo triste, mas aí vi uma latinha, dessas que abrimos puxando um "arinho", era doce de leite, da marca Itambé, de Minas Gerais, de uma cidade chamada Sete Lagoas (esse pessoal de Minas pode não ter mar mas é doido por lagoa). Levei a latinha, então depois do almoço, abri a dita cuja e tirei uma colherzinha de chá (minha porção máxima) e provei. Olha, hermanos, tive uma baita surpresa, senti o gosto do doce de leite da infância. Juro. Resultado, virei a casaca para esse doce, il perdões Marina, Atenção, recentemente fiz auma maltraçada criticando propaganda enganosa, mas anão é o caso, desafio quem comer esse doce e não gostar. O intressante é que quando provei o doce estava ouvindo a música do filme Cinema Paradiso. Fiquei a tarde toda com gosto da infância na boca. Juro. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 22/09/2015
Código do texto: T5390862
Classificação de conteúdo: seguro