E Quem Um Dia Irá Dizer?

E quem irá dizer que não fomos feitos sob medida? Nossos corpos encaixam perfeitamente, como peças de um quebra-cabeça. Nosso amor é delicioso como queijo e goiabada, tem adrenalina como o de Bonnie e Clyde, dramas a la Romeu e Julieta, aventuras no estilo Batman e Robin - nada me tira da cabeça que eles são um casal - mas no fundo estamos mais pra Eduardo e Mônica. Há razão nas coisas feitas pelo coração e sabemos disso. Somos opostos que se uniram no mais improvável. Não funcionamos direito sozinhos e não é uma questão de dependência, nem carência, é nossa mania sustentável, não desperdiçamos nada, nem tempo. Um dia morreremos e por mais que eu ache bonito imaginar que em outras vidas teremos a chance de nos reencontrarmos, prefiro nos garantir nessa. Ninguém que eu conheça e que tenha partido pra uma melhor - ou pior - veio me confirmar essa tese. Sempre achei que fosse madura demais para um cara viciado em vídeo game, mangás e futebol, e confesso, sentir certa superioridade me deixava numa cômoda situação. Por vezes me questionaram o que eu fazia com alguém tão sem futuro, até que um dia perguntei o que primeiro vinha em sua mente quando pensava vinte anos além, disse meu nome, e sei que não foi a resposta racional que esperava ouvir, mas foi a melhor coisa que poderia me dizer. Citar-me como um plano, estar no seu presente e ser uma intenção de futuro, nos daria um passado, uma história bonita de recordar. Sei que tem objetivos concretos, sei que tecnologia é a sua, lido melhor com as palavras e serei jornalista. O meu senso de investigação foi o que me fez observá-lo, ler nas entrelinhas, descobrir maturidade num cara que assiste desenho animado, que não diz, mas tem metas traçadas, voa sem tirar os pés do chão e vê a vida com olhar quase infantil, no melhor sentido, com pureza. Sei que lhe trouxe uma dose de seriedade, a qual me retribuiu com pequenas porções de irresponsabilidade. Aprendi a ligar o botão do "foda-se", não me levar tão a sério e te ensinei que o destino pode ser um grande aliado, mas precisa de roteiro, direção e trilha sonora, a autoria é nossa, os créditos também. Estamos juntos nessa e em todas as outras. Seremos eu, você, dois filhos e um cachorro - sem nenhuma referência à música - essa sempre foi a minha ideia de família. Fomos feitos um para o outro. E quem um dia irá dizer que não existe razão? São Renato, nos abençoa.

Débora Brun
Enviado por Débora Brun em 21/09/2015
Reeditado em 23/06/2016
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