Amor que perpassa a utilidade
É fácil amar quem faz por merecer, quem nos ama, quem nos oferece tanto de si. Eu amo por que cuida de mim, eu amo por que me ama, eu amo por suas qualidades, eu amo por sua aparência, eu amo por que é conveniente. E quando deixar de ser? Deixarei de amar quando o outro não merecer? Quando não for o que espero? Quando fizer tudo errado? É fácil jogar fora o que não nos serve mais. Bonito é amar quando não se merece, pois é quando mais se precisa de amor. Bonito é amar na inutilidade, quando o outro não nos serve de muito. Bonito é amar por conhecer os avessos. Bonito é amar o que deixou de ser. Bonito é amar quando não é mais conveniente. É bonito na mesma proporção que é difícil. Amar o outro quando não se tem utilidade alguma, quando ninguém é capaz de amar, amar pelo significado que outro tem em nossa vida exige veracidade, exige capacidade e porquê exige é bonito. Amor só é amor quando não tem porquês. Amor só é amor quando é involuntário. Amor só será amor quando se perguntar: Ainda serei capaz de ama-lo quando não mais for útil? Se o que chama de amor resistir a esse questionamento, terás então o sentimento mais nobre. Eu o possuo e então afirmo: Você só me dá trabalho, você me faz sofrer, você faz tudo errado, você não mais se preocupa comigo, mas ainda assim eu não consigo viver sem você.
Amo-te por ser quem és e não por ser como és, amo-te pelo significado que tens e por tudo que possa vir a ser.