Cartéis: Poderes Invencíveis
Devo estar errado quando acho maçante externar queixas e revoltas contra os conglomerados donos da economia brasileira que parecem contar com a colaboração dos poderes da república, porém há esses momentos: os de válvula de escape. Evidentemente haverá sempre uma explicação, convincente ou não, para os cartéis fortíssimos e descaradamente livres que atuam no país como um todo ou como mazela de cada estado. Um médico (que você quase nunca sabe se o remédio que lhe receite procede de laboratório de suas “amizades”); esse mesmo remédio, de repente, falta nas farmácias, em 03 redes de 04 ferrenhas “concorrentes” onde se procura com preço exatamente igual. (Caso de Coversyl/Plus para controle de pressão arterial, que há 45 dias seus preços estavam entre 36 e 104 Reais). Claro que quem o comercializa pelo menor dos preços tem margem, se não, não venderia. A gasolina, que cada estado tem motivo para roubar, digo, cobrar mais, tem sido vendido praticamente pelo mesmo preço: 3 a 7 centavos a menos em bairro popular e R$ 3,54 em Boa Viagem ou Casa Forte (Recife) mesmo que os postos possam oferecer serviços inversamente proporcionais, isto é serviço ruim em posto de bairro “nobre” e serviço “menos ruim” em posto da periferia. ...E os bancos? O descalabro bancário deve ter o escudo que Lava-Jato nenhum irá furar! Taxas de serviços não solicitados, cobranças indevidas em massa, juros de agiotagem, etc., e contra esses não há jornalista diretor que se insurja por seus órgãos via de regra serem patrocinados por eles. Desconfio que qualquer movimento político no sentido de redução dos lucros geraria uma guerra de informações e pressão que beiraria ao caos. Nos âmbitos estaduais um clássico é o do transporte rodoviário, onde uma dúzia de empresas “mandam” sob a tolerância terna das governanças no sistema que deveriam servir, cuja razão de não ser serviço público é a gestão privada menos corrupta e a concorrência. Resta ver se essas razões ainda se justificam. Enfim, somos reféns não só da lei de sobrevivência, mas de uma gincana da morte, onde os “donos” da fazenda Brasil divertem-se assistindo aos corre-corres na floresta da selvageria criada por eles enquanto marcam os pontos bilionários que tilintam por segundo em suas caixas-fortes a cada tropeço da sentinela do povo.