VIRTUDE. ENTENDIMENTO. SENSO MÉDIO.
Aristóteles era taxativo, os homens são realmente bons de uma só forma, com única postura, mas podem ser maus de muitas formas. Existem inclinações que abraçam fortemente o indesejável, reprovável, não aceito pelo mais comezinho e simplório entendimento.
O mal não se define com forma precisa, aparece vestido de variadas roupagens, tem urdiduras, espreita sempre, trama engenhos, esquadrinha o bote, é covarde, sombrio e indeterminado, este seu conceito basilar, indeterminação. Mas,destaque-se,atrás de qualquer fato movimenta-se algum interesse, econômico ou não.
Mas por vezes o convencimento que leva ao incorreto no comum das regras de todas as espécies é claro, determinado para o indesejado.
Só se pode ser certo de uma forma, é gênero sem espécies, sendo liso, linear, correto, honesto, probo, transparente em conduta, gestos e atitudes, e principalmente se alinhado com a virtude comum.
É tudo um, como dizia meu pai. Ninguém pode dizer que uma mãe não protege um filho, ou seu pai, ou seu avô e avó. Mas mães matam filhos, pais também, curiosamente avós é mais remoto, praticamente desconhecido, a idade está longe, também, de paixões. Isso é marcante nessas tenebrosas ocorrências.
É uma verdade decorrente de certezas determinadas,factuais,ocorrentes, essa ordem de proposições no cenário social.
Se configura dificuldade por qualquer motivo deliberar com virtude, corretamente - ensina Aristóteles, a máxima cabeça em lógica de todos os tempos - então deve-se escolher o mal menor, em vez do maior. Nessa esteira, desse passo, concordam Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino.
Os sábios fazem suas escolhas atentos a esse aspecto. Onde está o mal e o valor médio da escolha.
Não posso me inclinar para um mal que já conheço se há uma possibilidade de mal menor, ou mesmo de nenhum mal em fato que desconheço.
Agir no limite mostra atitudes sábias nesse sentido, ou seja, a escolha do mal menor em vez do maior. Não podemos penalizar por um mal desconhecido ou por uma vontade ensombrada por fatos pouco medidos. A lei estrita pune o resultado. Não há mal efetivo sem violar bem tutelado, a virtude é mera vontade de inclinação com ou sem concretização.
É uma questão de virtude o convencimento que anda pelos caminhos que eleger. Dirão os outros de senso comum se há virtude ou maldade. A virtude é um termo médio, ou pelo menos tende para o meio , mas com respeito ao melhor e ao bem, é um extremo, sempre o mais desejável.
A educação sobre valores é sempre possível e necessária, a natureza não é suficiente para fazer o homem um ser de plenitude, está quase sempre fechado ao aprimoramento. Isto fica muito visível nos convencimentos pessoais e práticas.
Aristóteles de sua formidável doutrina expõe que não há humano bom por natureza. Haveria homem mau por natureza? Logicamente não. Se não somos maus por natureza não podemos por sentimento de justiça nos inclinarmos para o que é mau.
Thomas Hobbes fala da impossibilidade de uma sociedade se sustentar apenas no direito natural como foi parâmetro do positivismo jurídico.
O conceito de justiça de São Tomás de Aquino tem em Paulo de Tarso, o Apóstolo Paulo na sua Epístola aos Romanos, a afirmação de um “direito natural”, de uma lei escrita no coração do homem, e por esta razão até os gentios que ignoram a lei são capazes de proceder “por natureza de conformidade com a lei”. Há nesse texto uma base de senso moral inato no homem, que o conduz ao bem, ainda que sem conhecer a lei escrita.
"Uma lei escrita no coração do homem",nada mais seria necessário se o coração fosse o mesmo com o que se chega ao mundo.
Não é possível ao senso médio admitir o mal que se mostra como bem, assim estabelecido em proposições e crenças, ainda que ausente da lei cogente, escrita e obrigatória. Há na sociedade humana uma assentada de valores que não fogem de estamentos insuperáveis.