G A R R A F Ã O

Sempre gostei dos botecos, principalmente dos mais acanhados e modestos. Era neles que gostava de tomar umas e outras e bater papo com os amigos. Que fique claro que nenhum desses botecos primava pela limpeza. Quase todos eram sujinhos de dar dó, mas a cerveja era gelada e o tira-gosto de primeira. Era o que bastava.

Aqui no Racanto já contei alguns causos sobre o bar mais sujo do Brasil, o Bar de Noé, em Arcoverde, nele o proprietário lacrou o infecto sanitário e mandou cavar um buraco fundo nos fundos do bar e nele colocou uma tora de pau enviezada com um cartaz: "Mije no pé do pau, não cafgue que é perigoso!".

Sobre o mesmo tema há outro caso intressante e gozado. No in´cio dos anos 70, em Pesqueira, um fotógrafo chamdo Noel (parecido com o nome do dono do bar de Arcopverde), apanhou numa troca um grande freezer e aí resolveu botar um bar. E botou o dito cujo na salinha onde tinha o estúdio, levou o estúdui para a casa de morada. Era uma salinha pequena, só havia duas mesisas e oito tamboretes. Ele arrumou um fogãozinho onde fazia um picadinho de fígado muito gostoso. A gente tomava a cerveja gelada e tirava o gosto com pão francês quentinho (havia uma padaria vizinho) molhado no picadinho. Arretado de bom. Mas havia um problema: não tinha sanitário, então ficava ruim porque quem toma cerveja precisa de vez em quando mijar. O jeito era tentar mijar nos fundos do bar ou pedir para fazê-lo em alguma residência. Foi aí que Noel resolveu o problema: arrumou um enorme garrafão de vinho Capelinha, do tamano de um bujão de gás, e colocou em cima de um tamborete no final da salinha, botou uma cortina e, pronto, o sanitário foi instalado. So que havia quem nãoo ]acertasse a mijada diretamente na boca do garrafão, sempre havia quem mijasse no chão. Noé avançou no assunto: botou mais dois penicos para atender à menda dos que tinham má pontaria na mijada. Ia tudo bem, havia é certo um "cheirim" demijo, mas o cheiro bom do picadinho anaulava-o. Só que outro problema foi criado: o esvaziamento do garrafão e dos pinicos que era feito nos terrenos dos fundos do bar. Houve reclamação de alguns mradores e aí o bar teve que fechar. Acabou o Bar do Garrafão. Mas deixou saudade. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 20/09/2015
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