A FUGA

Está na mídia e não sai dos meus pensamentos, a imagem das pessoas deslocando-se, movendo-se, fugindo, batendo retirada de seus lugares de origem, atravessando fronteiras, fugindo da fome, da guerra, do desemprego, da escassez de saúde, educação, infraestrutura, emprego.

E eu aqui, neste país tropical e abençoado por Deus, fazendo torcida para que nossos governantes saibam cuidar das finanças e economias desta nação.

Quem me dera ver o encolhimento das despesas públicas como fim do cartão corporativo, redução da quantidade de ministérios, assim como do número de cargos auxiliares! Não deveria haver cargo por indicação; mas através de concurso para trabalhar nos órgãos públicos, em todos os níveis: federal, estadual e municipal.

Quem me dera ver os políticos trabalhando pelo bem da comunidade e não para encher os próprios bolsos! E se reduzíssemos seus salários pela metade? Certamente permaneceriam apenas os que querem trabalhar em prol da sociedade.

Quem me dera ver meus irmãos brasileirinhos serem atendidos em hospitais e postos de saúde equipados, sem filas e com equipes de médicos e enfermeiros treinados e bem remunerados!

Quem me dera ver as escolas públicas ensinando como há quarenta anos, quando, além dos textos dos livros, instruíam lições de cidadania, a respeitar os adultos, aos professores, aos pais, enfim, moldavam com firmeza e dignidade, a índole dos jovens com a finalidade de formar adultos de bom caráter.

Quem me dera ver o homem do campo ser devidamente recompensado pelo esforço de sol a sol, com preços moderados no maquinário, na semente e no adubo, assim como com preço justo ao vender sua produção.

Quem me dera ver cidades com ruas sem buracos, bairros iluminados, casas com luz elétrica e água encanada, esgoto, recolhimento de lixo, enfim, infraestrutura básica em funcionamento.

Quem me dera ver o fim dos conflitos, o fim do desemprego, o fim da violência, o fim do tráfico, o fim de furtos, roubos e assaltos.

Quem me dera o povo aprendesse a votar!!! Votar conscientemente sem aguardar, em troca, presentinhos, churrascos, dentaduras, cestas básicas, etc.

Quem me dera ver alegria no lugar da tristeza; amor no lugar do ódio e rancor; esperança no lugar do desânimo e descrença; sorriso no lugar das lágrimas!

Quem me dera ver o bem triunfar e o mal se esvair!

Oxalá tudo isso aconteça!

Não quero ter que sair do meu país!

Tomara.

Simone Possas Fontana

(escritora gaúcha de Rio Grande-RS,

membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,

membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,

membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,

autora dos livros MOSAICO, A MULHER QUE RI e PCC,

formada em Letras, contista da Revista Cultura do Mundo,

blog: simonepossasfontana.wordpress.com)