Juiz de Verdade só fala nos Autos

Conheci em Pesqueira vários juízes. Um deles me impressionou pela firmeza, humildade, distanciamento das arengas e futilidades locais e imparcialidade a toda prova. Foi o Doutor Leonísio Lopes.

Sempre que ia ao cartório, não havia ainda o Fórum, as audiências eram no cartório, resolver problemas do banco, eu batia um papinho com ele. Mas nunca sobre justiça ou política, mas sobre o sertão, eu era de Arcoverde e ele, me parece, de Afogados da Ingazeira. Ele era doido pelo sertão, por suas raízes, falávamos de causos e acontecimentos, uma conversda muito agradável. De vez em quando o tabelião, diferente de doutor Leonísio que era duro e até meio ríspido, um sujeito falante e meio ligado à sociedade, sempre interferia comentando sobre processos, mas era desestimulado na hora por Doutor Leonísio: - Olhe, meu caro, juiz só fala de processos nos autos e quando provocado por uma das partes. O tabelião ficava murcho e ia cuidar dos seus carimbos.

É do doutor Leonísio que me lembro quando leio e ouço na tevê a excitação, frenesi e surto de frisson desse ministro do STF Gilmar Mendes, ele decididamente não possui a cionduta reta e imparcial daquele juiz do interior. Esse Gilmar age com parcialidade, falando pelos cotovelos, tomando partido e revelando um ódio avassalador contra quem ele acha que são seus adversários políticos. Sei não, mas acho que esse cornel de toga não apenas prejudica como desacredita o STF.

Para mim juiz tem que se portar como o Doutor Leonísio Lopes e outros que se portam como um magistrado e não como um coronel da política. É um absurdo.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 19/09/2015
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