Mergulho às profundezas
Ele não precisava fechar os olhos para pensar, desde que o conheci, na minha adolescência, já era quase cego; mas seus olhos ativos, direcionados a qualquer movimento, a qualquer barulho, davam-nos impressão de que tudo percebiam, tudo observavam, enfim , tudo viam. Suas palavras lhe rendiam fama de pensador. Sereno e reflexivo, ensinava, sem alguma palavra, que há quem não veja vendo mais do que os que vêem... Ainda, quem medita fecha os olhos para refletir, ele, sem precisar fazê-lo, abria seus olhos para olhar e os fechava para ver...
Ao por do sol, revelava sua sabedoria que , calado, durante o dia, acumulava. Sentado como guru, quando falava coisas alegres, baixava a cabeça; quando, as tristes, elevava a cabeça. E assim, reunia pessoas que raramente perguntavam porque já conheciam que falava sobre tudo ou melhor: a profundidade que tudo fundamentava, como se fosse um mergulho profundo, no silêncio, ao desconhecido fundo do mar.
Certa vez perguntou-nos que barulho era aquele na rua onde morava. Informaram-lhe que o jovem filho de um dos vizinhos tinha se afogado no açude, vítima de um repentino "redemoinho" que o tragara para o início das águas... Ele soltou um suspiro e exclamou que, na juventude, não somos prevenidos. E somente o previdente é senhor da situação que, a qualquer momento, pode ser interrompida pelo infortúnio. Quanto mais experiência, mais previdência. Antevidência não é sobrenatural, mas fruto da sabedoria adquirida da observação e da experiência. Outra vez ofendeu, sem vê-lo, um dos ricos da cidade que, retirando-se, lá nunca mais voltou. Como profeta, admoestou que a sabedoria não se adquire na riqueza. Pois, quem ama o dinheiro não ama algo ou alguém acima do dinheiro, dedicando-se, de corpo e alma, apenas a ganhá-lo. Morrerá infeliz, jamais se sentirá satisfeito, sempre querendo aumentar riqueza e tempo para vigiá-la... Dorme melhor quem tem casa, alimentação, saúde e, feliz, família satisfeita. Os ricos, atordoados pelas fortunas, ainda invejam os que têm mais do que eles... Sempre sem se despedir, recolhia-se ao quarto de dormida.
Ele não precisava fechar os olhos para pensar, desde que o conheci, na minha adolescência, já era quase cego; mas seus olhos ativos, direcionados a qualquer movimento, a qualquer barulho, davam-nos impressão de que tudo percebiam, tudo observavam, enfim , tudo viam. Suas palavras lhe rendiam fama de pensador. Sereno e reflexivo, ensinava, sem alguma palavra, que há quem não veja vendo mais do que os que vêem... Ainda, quem medita fecha os olhos para refletir, ele, sem precisar fazê-lo, abria seus olhos para olhar e os fechava para ver...
Ao por do sol, revelava sua sabedoria que , calado, durante o dia, acumulava. Sentado como guru, quando falava coisas alegres, baixava a cabeça; quando, as tristes, elevava a cabeça. E assim, reunia pessoas que raramente perguntavam porque já conheciam que falava sobre tudo ou melhor: a profundidade que tudo fundamentava, como se fosse um mergulho profundo, no silêncio, ao desconhecido fundo do mar.
Certa vez perguntou-nos que barulho era aquele na rua onde morava. Informaram-lhe que o jovem filho de um dos vizinhos tinha se afogado no açude, vítima de um repentino "redemoinho" que o tragara para o início das águas... Ele soltou um suspiro e exclamou que, na juventude, não somos prevenidos. E somente o previdente é senhor da situação que, a qualquer momento, pode ser interrompida pelo infortúnio. Quanto mais experiência, mais previdência. Antevidência não é sobrenatural, mas fruto da sabedoria adquirida da observação e da experiência. Outra vez ofendeu, sem vê-lo, um dos ricos da cidade que, retirando-se, lá nunca mais voltou. Como profeta, admoestou que a sabedoria não se adquire na riqueza. Pois, quem ama o dinheiro não ama algo ou alguém acima do dinheiro, dedicando-se, de corpo e alma, apenas a ganhá-lo. Morrerá infeliz, jamais se sentirá satisfeito, sempre querendo aumentar riqueza e tempo para vigiá-la... Dorme melhor quem tem casa, alimentação, saúde e, feliz, família satisfeita. Os ricos, atordoados pelas fortunas, ainda invejam os que têm mais do que eles... Sempre sem se despedir, recolhia-se ao quarto de dormida.