Preso nas redes sociais
Durante algum tempo pensei se deveria mesmo falar sobre as redes sociais, expor meu ponto de vista sobre essa modalidade de comunicação e relacionamento dos tempos modernos. Era preciso esperar mais um pouco, deixar a poeira fascinante dessa novidade abaixar. Achava meio inoportuno dizer coisas negativas durante o momento de frenesi causado por um recurso tão revolucionário.
Hoje em dia é dificil encontrar alguém que não tenha seu perfil montado numa página dessas: professores, advogados, políticos, arquitetos, estudantes, crianças, enfim; pessoas de todas as classes e idades, e não muito raro até animais. Diante de tanto sucesso, parece mesmo que o indivíduo que não está na rede não está no mundo.
Não me dedicarei aqui a falar dos problemas relacionados a crimes, já são velhos conhecidos os golpes, os perfis falsos, o aliciamento de menores, etc. Restrinjo-me a falar de outro problema: o emburrecimento e a imbecilização através das redes sociais.
Qualquer um que abrir seu perfil numa rede social neste momento encontrará provavelmente variadas exposições de imagens e textos. Quanto mais “amigos” maior é o fluxo de textos e fotografias disponíveis para a apreciação. O que me preocupa é a quantidade de bobagens e idiotices que aparecem por lá. Mentiras das mais escabrosas circulam muitas vezes sem receber uma crítica sequer. A maioria delas são montadas intencionalmente com o simples objetivo de ganhar a atenção dos internaltas e fazer seu texto correr o mundo.
Penso nas crianças, jovens e adolescentes que ainda não têm um raciocínio crítico formado, eles têm que degludir e aceitar de forma passiva as montagens, as mentiras, o preconceito, a violência, as doutrinações políticas, e se tornarem cada dia mais ignorantes e alienados.
Sempre que abro a página do facebook encontro lá uma montagem de imagens e textos falseada, produzida para criticar pesadamente (e na maioria das vezes sem razão) um artista, um político, um religioso, ou ridicularizar uma ideia de grupo. Parece mais uma arena de conflitos e embate de ideias, sem regras nem limites.
Acredito que as redes sociais foram criadas com o objetivo de aproximar as pessoas, de tornar sua convivência mais dinâmica e proveitosa, mas isso vem sendo cumprido em partes, pois o que se pode ver com mais exatidão é a disputa pelo espaço, é o desejo de humilhar, de sobrepor os interesses aos direitos e ao respeito.
As redes sociais se desenvolveram tão rápido que não houve tempo de dizer às pessoas que alí também se deveria ter ética. É um espaço que poderia servir para o bem comum, deveria ser usado para educar, contribuir com a formação e desenvolvimento de nossa juventude, e não fazer dela uma burricada.