A morena doida por Garcia Márquez

Sempre se deu bem com as mulheres. Era o cão chupando manga na arte da conquista amorosa. Embora casado com uma mulher muito bonita, volta e meia dava um pulinho fora. Tinha uma lábia danada, as mulhres caíam na sua conversa. Ia tudo bem até que...

Seguinte: ele conheceu uma morena escultural, lindíssima, cor de jambo, cabelos ondulados, bunda arretqada e arrebitada, peitos duríssimos estourando o sutiã, corpo bem torneado, pelos jeans justíssimos dava para saber que as coxas eram sensacionais. Uma mulher nos trinques, ainda por cima tinha a voz dengosa e aveludada. A dona era graúda na divisão de contabilidade de uma grande empresa, onde elefoi resolver uma pendência relativa ao fornecimento de papel da empresa em que trabalhava, coisa de nota fiscal. Assim que botou os olhos na morena ele sabia que tinha que ganhá-la no papo. Ela correspondeu ao seu interesse. Trocaram telefones. E... começaram a sair, mas a dona era segura, a coisa fiocava apenas numas cervejas, bate papo e um beijinho aqui e outro acolá. Tinha mais um problema: a morena era fissurada em Garcia Márquez, falava direto nos romances dele, inclusive repetindo trechos, falando sobre personagens e ele boiando, nem sabia quem era o distinto, só lia gibis e a parte de esportes do jornal. Mas aí, malandro escolado, concluiu que só paparia a morena se a impressionasse com um papo sobre o tal escritor. Foi a um amigo que era leitor voraz, inclusive dos livros desse escritor colombiano, esse cara quando se referia a cidade natal deles a chamava de "minha Macondo". Então pediu ao amigo para resumir capítulos dos livros do escritor, frases, cenas, algo suscinto mas que servisse para impressionar a morena. Foi atendido, pegou os resumos e decorou.

Na próxima saída ele deslanchou, discorreu sobre os livros do escritor e quando descreveu a cena da Bela Remédios subindo aos ceus levada pelo vento e pelos lençóis, a morena marejou os olhos, arriou-se por ele e,claro, ele a rebocou pro motel.

Chegaram aos beijos, chupões de língia na língua, ele se contendo para não chegar às vias de fato antes dela tirar a calçar jeans, um trabalhão, era colada no corpo, mas saiu todinha, ele então partiu célere, mas aí... aí ele viu a pereba na coxa dela, acima do joelho, era parecida com aquelas que os mais velhos chamam de "sarou-morreu". Ele reduziu o ímpeto, ela riu triste, era o seu segredo, como ele estava naquela base conseguiu transar. Mas depsois beijinho-beijinho e nunca mais procurou a morena. Cruel? Sim, foi cruel. Mas a coisa anão terminou aí, não para ele, a coisa piorou.

É que toda vez que ia transar com uma mulher ele começou a broxar, porque via a pereba em qualquer mulher, a imagem ficou no seu subconsciente. Até mesmo com a esposa ele começou a brochar. Um dia numa roda de amigos ela abusou dos uísques e deu com a língua nos dentes, disse que se ele não melhorasse o rendimento na alcova poderia levar um par de chifres. Foi para um doutor de cuca, fez o tratamento, deu uma melhorada, mas de vez em quando tem uma recaída, a pereba aparece. Do caso ficou uma resolução, nunca mais procura mulher usando jeans, e não quer ouvir de jeito nenhum o nome de Garcia Márquez. Juro que a história tem muito de verídica. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 17/09/2015
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