ERRANTES ESPÍRITOS AMANTES.

Conheci o amor através de alguém que sabia amar,sem saber que o sabia, assim como eu o amava,sem saber que sabia amar também e tão bem.

Foram tempos maravilhosos,de complitude, que se acabaram e levaram consigo,um pedaço de mim e o conhecimento inato que eu possuía de como amar.

Outra vez o amor chegou até mim,mas então,eu havia desaprendido a arte de amar e o objeto de meu carinho,com certeza muito me amou,mas infelizmente também desconhecia a arte de amar.

Este amor,hoje vejo,era destinado ao fracasso,embora creia que,de todos, tenha sido o mais forte.

Isto porque o amor quando acontece,não acontece e permanece simplesmente; há toda uma sorte de conhecimento e sensibilidade por trás de si,para fazer o outro se sentir amado,individualizado,diferenciado e considerando-se ainda que o outro não saiba,ensine-o como amar também.

Este último foi um daqueles amores vívidos,intensos e descompensados, marcados pela ignorância que lhes negou o florescer.

E quando ele se foi,o amor entrou em minha vida outra vez,na forma de uma pessoa que era a própria essência do amor.

Mais sabia amar do que propriamente amava e me cativou,mas desgastada,não lhe soube retribuir.

Entretanto fiquei e por comodismo ou condição, pouco a pouco fui lhe entregando meu coração, mas jamais quis o seu em minhas mãos.

Fui amada de uma forma declarada, aberta,escancarada,mas a uma mulher,não basta apenas ser amada;ela tem que amar,amar com fervor e sabedoria senão fica uma mulher fria.

Eu tinha necessidades que a falta de reciprocidade gerou;tinha saudades daqueles amores mortos que se foram,embora não merecessem de mim,nem mesmo uma lembrança e vi então que não era apenas fria;era também vazia,por não saber amar quem por mim,vivia e descaradamente ficava a relembrar de um que me deixou por medo da dor e de outro tão raso e pequeno,que me deixou por desamor.

Na verdade,em minha falsidade houve uma enorme generosidade em não desmistificar,o que imagina um coração puro.

Mas bem sei que no fundo,o amor intenso e forte como um vendaval,que eu tivera por último, fica.

O amor com conhecimento na arte de amar, como fora meu primeiro amor,fica.

Ambos marcam,embora não aconteçam;não se tornam reais porque não adianta ser só sábio ou só intenso;tem que haver amor,conhecimento na arte de amar e reciprocidade.

A reciprocidade dá inteireza e só ela não dá lugar a mais ninguém,nem aos errantes espíritos amantes,que poderiam ter sido e não foram,mas permanecem. (eu)