MEDO DO ADEUS

Deixa-me confessar algo, que não contei para ninguém. Eu não gosto de dizer adeus. Não sei o porquê, ao certo, mas a iminência de dizer adeus me causa desconforto. Por duas vezes, tentaste me dizer adeus e eu não aceitei a tua partida. Todas as vezes que ameaçavas ir embora ou estavas partindo, era como se tivesse me dividindo ao meio. Sentia como se algo precioso tivesse saindo de mim.

A primeira vez que disseste adeus foi muito estranho. Foi uma partida sem ter chegado, um fim de algo que não havia começado. Achei estranho... Doía-me só de pensar na possibilidade de terminar algo desse tipo. Relutei e lutei para que não partisse, dei-te explicações (des)necessárias, implorando, por meio de minhas explicações, que ficasse, não sei onde... Talvez meu coração fosse quem estava dando os comandos. A razão questionava a minha decisão, mas agarrei-me a ti e não permiti a tua partida. Voltaste, mas não vieste para mim. Ficaste, talvez sem nenhuma pretensão. Eu não sabia por que te queria perto de mim. E o tempo passou.

A segunda vez que disseste adeus, doeu muito mais que da primeira vez. Doeu porque eu pensava que eras meu. Doeu porque você estava em mim muito mais do que eu imaginava. Tristeza profunda caiu sobre mim. O mundo desabou sobre o meu corpo, machucando-me. Dessa vez, pensavas ter motivos para partir, “sumir do mapa”. E, mais uma vez, tomas o caminho, sem volta. Apesar da dor e do choro, usei argumentos para que ficasse. Dessa vez, eu sabia por que estava impedindo teu sumiço. Eu já te amava.

Dessa vez, também não disse adeus. Mas, não sei o motivo... Mas, tenho a sensação que estás em um barco que se afasta do cais. As ondas e o vento fazem teu barco ir desaparecendo... deslizando nas águas de um imenso mar... Eu, apenas observo e não consigo dizer ADEUS.

Joyce Lima, 00h00min, 16/09/15.

Joyce Lima
Enviado por Joyce Lima em 17/09/2015
Reeditado em 17/09/2015
Código do texto: T5384833
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