A Máquina

Os dias a muito nascem sem cor e sem vida, o sol não toca a nossa pele, e as nuvens cinzas se põem entre nós e o azul do céu.

Gotas finas de chuva caem em nosso mundo configurado em preto e branco. Me sinto perdido no meio da multidão, eu não sei mais quem eu sou. Talvez, seja só mais um louco sem caminho e sem ter pelo o que buscar. Olho em um outdoor a imagem coisificada de uma mulher, ela sorri pra mim com dentes tão brancos quanto um papel, o slogan escrito em baixo da sua imagem tenta me convencer de que eu preciso comprar aquele produto. Menos um motivo para viver.

Como em um filme mudo, vejo pessoas Embaladas em ternos e puxadas com pressa pelas gravatas, andando nas ruas sem se olhar, sem se falar. Agindo quase como formigas que saem de seus formigueiros em busca de comida, porém, nossa espécie é tão evoluída que não precisa mais buscar alimentos. Agora temos fast foods e enlatados que podem ser preparados com o simples apertar de um botão de micro ondas, não podemos perder tempo com comida, precisamos de dinheiro e nos adaptamos a isso.

É complicado viver em um mundo onde tudo gira em torno do ter enquanto e ser se torna cada vez mais obsoleto. Não somos mais os nossos valores, não somos mais os nossos ideais. Nos tornamos o que temos, nos tornamos o quanto temos em nossa conta bancária, nos tornamos a etiqueta da roupa que vestimos e marca do carro que dirigimos. O que nos temos se tornou mais do que nos somos.

E o que somos? Somos peças de xadrez manipuladas em um tabuleiro sujo de sangue. Somos escravos dos desejos de uma máquina: estudamos o que ela quer, consumimos o que ela quer, amamos e odiamos quem ela quer, pagamos os impostos que ela quer.

Temos que alimenta-la diariamente com o nosso suor, nosso sangue é apenas o óleo que lubrifica as suas engrenagens. E para amenizar a nossa dor ela nós somos dopados com religião sexo e TV.

Diogo Fernandes
Enviado por Diogo Fernandes em 16/09/2015
Código do texto: T5383844
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