Juizo Afinal

Não haverá medo e nem perigo

Você poderá meter o pé na jaca a vontade

Não será despedido, pois seu chefe não vai pitar nada

Assim ficará sem vontade de manda-lo as favas

Não irá gastar seu tempo com loterias

Será uma bobagem!

Todos os bilhetes serão premiados

E vai dar uma merreca para cada um

Nenhum trigo será transgênico

Nem papel higiênico será feito de arvore

Não haverá a transposição do São Francisco

Nem pistolas e nem canhão, acho que isso será bom

O sertão não vai virar mar

E nem o mar irá virar sertão

O que é, continuará como sempre foi

E o que não é, nunca será e fim de papo

Alfa será sempre alfa

E deixará beta em paz

O consumo não te assustará jamais

Pois os cartões ficarão cheios de crédito

Não haverá mais filas

Não haverá mais senhas

Nem prazo para pagamento

E todas as bundas serão quadradas

Não haverá mulheres frutas

Nem homens bananas

Todos serão iguais

Isso evitará muita discórdia e confusão

As Giseles serão como as Marias

Os Zés como os Manés

Os motores terão as mesmas potências

Assim os fusquinhas correrão como as Ferraris

Vestiremos todos da mesma cor

Se for macacão todos de macacão

Se for jaleco branco e estetoscópio no pescoço

Assim será

Times diferentes

Nem pensar

Todos gritarão “goool” na geral

Não importa em que rede a bola entrar

O começo ficará sempre no início

E o fim ficará eternamente em seu devido lugar

Não se chateará da incompetência

Nem se vangloriará da sua fabulosa ereção

Afinal no Dia do Juízo Final, sem enchimento de saco

Iguais descansaremos enfim, todos confiáveis e destemidos

Para sempre no tão sonhado Paraíso

Seja bom ou seja insípido

João Azeredo
Enviado por João Azeredo em 16/09/2015
Reeditado em 16/09/2015
Código do texto: T5383669
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