CARLOS COSTA E ROGEL SAMUEL EM DIÁLOGO SOBRE "O AMANTE DAS AMAZONAS!
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Em minha convivência com a intelectualidade baré, há muito ouvia referências a um cidadão do Amazonas, Rogel Samuel, ex-aluno de meu sogro advogado e político Francisco Guedes de Queiroz. Diziam-no ser uma referência em matéria de “amazonicidade”. Desconhecia, contudo, que nesse mundo de meu Deus da internet, o escritor também estava lendo meus modestos trabalhos no Rio de Janeiro, onde reside há muitos anos e é professor aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autor de vários livros. De repente, “surpresado” como sempre diz o procurador de Justiça aposentado Flávio Queiroz de Paula, sobrinho do ex-professor desse mestre da intelectualidade, Rogel Samuel pede meu endereço pelo facebook e me presenteia com o seu livro O AMANTE DAS AMAZONAS (Editora Itatiaia).
Ao receber a obra, passei a ter um diálogo quase que diário com o autor, questionando-o sobre o que estava lendo com uma visão histórica, pelo papo do facebook. Rogel Samuel arquivava tudo e me devolveu para escrever esse maravilhoso e histórico diálogo que mantive com ela, ao final da leitura de cada capítulo, do primeiro ao último. A cada capítulo que lido, lhe enviava um questionamento e prontamente recebia a resposta. Foi assim todo o nosso diálogo:
CC envia para Rogel Samuel ao receber o livro pelo Correio: “Estou recebendo agora seu livro, mas só o recebi porque sou conhecido aqui no condomínio Mundi como um ”chato" morador. Não veio com o nome da Torre e aqui temos 11, amigo. Como está um dia de sol agora, degustarei seu pensamento na piscina! Obrigado e um abraço! Depois farei comentários sobre sua obra!”.
Como tenho visão prejudicada e uso óculos de 7,5 graus e só leio com claridade natural, comecei a degustar a leitura, que é uma mistura de ficção com realidade (ou seria realidade com ficção?). Fiquei na dúvida! Li o primeiro capítulo e encontrei semelhanças entre o Palácio Rio Negro e o palácio Maxinin, criado e transportado pelo autor para o meio do Seringal. Impressionado e impactado com a semelhança.
Passei a trocar mensagens ao final de cada leitura com o autor da obra e ele sempre me respondendo.
CC comunicando a Samuel Rogel: - “Terminei de ler o primeiro capítulo do seu O AMANTE DAS AMAZONAS e adorei a mistura que vc fez de fatos reais, com criatividade ímpar, como nomes de rios, cidades, paranás, igarapés etc.
Se já gostei do início, que também vivi, gostarei do resto.
Magistral: não é lenda ou mito seu prestígio e respeito entre os intelectuais do Amazonas. É uma constatação de uma verdade!
Ao começar a ler o segundo capítulo da obra O AMANTE DAS AMAZONAS, nas primeiras linhas, observei que vc estava descrevendo o Palácio Rio Negro. Ao final, ao ver a foto do seu Palácio Maxinin - na ânsia de me comunicar com o autor chamei de Macuxi - O autor, elegantemente me corrigiu, mas entendeu o que eu queria dizer- tive a certeza! Genial e crítica descrição da decadência econômica de uma época da borracha. O Palácio Rio Negro foi adquirido pelo bisavô de minha esposa Yara Queiroz, Coronel PM PEDRO BACELLAR, de um alemão que residia naquele local e incorporado ao Patrimônio do Estado. A mãe de minha esposa, Maria Luiza, nasceu no Palácio Rio Negro, amigo.
Conhecia sua capacidade através de outros escritores do Amazonas, mas não sabia que vc era tão crítico e mordaz em suas descrições.
Adorei sua criticidade e irônica como descreve e conduz as observações que faz. Como lhe disse, degusto obras e não as leio, simplesmente. É o que estou fazendo com a sua.
RS respondeu para Carlos Costa: “QUE BELEZA...SUA ESPOSA DESCENDE DE PEDRO BACELLAR... VC ESTÁ NA HISTÓRIA DESSE ROMANCE...”
CC envia para Samuel Rogel: “Ela (Yara) é neta do Pedro Bacellar de Souza, Coronel PM e governador do Estado e quem adquiriu da residência da família Shurtz, para ser o Palácio Rio Negro.
Sua descrição é alegoricamente genial e suas críticas, pertinentes porque o mesmo pode ocorrer com novos 50 anos para a ZFM se o Estado não aproveitar para desenvolver sua própria vocação regional!
Adorei a citação como Palácio Maxinin! Genial e irônica comparação, Rogel!
RS responde para Carlos Costa: “PALÁCIO MANIXI... EU ESTUDEI MINUCIOSAMENTE O PALACIO RIO NEGRO E O TRANSPORTEI PARA A SELVA... ELE É UM SÍMBOLO...
Do período áureo da borracha!
CC envia para Rogel Samuel: “Essa transposição do Palácio para a selva, sem pagar carreto e descrevendo-o com maestria, inteligência e ironia, como símbolo de decadência também, me agradou muito.”
CC lendo o capítulo II O PALÁCIO “Estou no segundo capítulo, ainda não cheguei nos diálogos e estou curioso para saber sobre como vc descreve isso!
Como faz o encontro da ficção real da história da sua vida.
Comecei a ler ao sol o capítulo.
CC lendo O Capítulo 3-NUMAS “Está cada vez mais intrigante!
O capítulo é uma magnífica viagem à cultura indígena e sua ficção navegou pelo mundo criador e pousou nas páginas de seu romance.
Vc misturou várias tribos guerreiras e as transformou em uma só.
Ao descrever o encontro com as duas indiazinhas nuas, seu delírio criador voou e ficou maravilhoso!”
CC lendo o capítulo IV – PAXIÚBA:
Iniciando a leitura quatro: PAXIUBA de seu romance. Até seu aniversário em 2 de Janeiro, desejo tê-lo concluído! Brilhante e suave o relato do estupro de Zilda, amigo. Lerei o capítulo 5 agora. Mas fiquei na dúvida: quem matou o marido de Zilda?
Foram os Índios ou o PAXIUBA?
RS responde a Carlos Costa: “ÍNDIOS, AMIGO, OS NUMAS...”
CC envia para Rogel Samuel: “Obrigado. Só me restou essa dúvida porque poderiam ser os Índios ou o violentador da esposa A forma descrita é Genial. Parabéns!
Um ou outro isso não tem importância diante do brilhantismo e suavidade como vc descreve o estupro de Zilda!
Teria sido mesmo um estupro ou teria um “estupro” permissivo, tipo não quero querendo
RS responde a Carlos Costa: “PAXIUBA ERA UM DEMONIO...HIPNOTIZAVA...”
CC envia a Rogel Samuel: “Percebi pelo seu maravilhoso relato. Por ser um demônio cheguei a pensar que teria matado o marido de Zilda, depois de violentá-la, parece que de forma consentida porque vc a descreve como uma mulher carente, inorgânica e sem ter tido filhos.”
CC envia para Samuel Rogel: “Estou lendo o quinto capítulo de seu livro. Na página 61 vc diz que Manaus deve ter sido uma das primeiras cidades brasileiras a ter eletricidade e foi mesmo! Os candeeiros das ruas funcionavam com óleo de baleia.
Na verdade, Manaus foi a terceira cidade brasileira a ter luz elétrica: a primeira foi CAMPOS, no RJ, a segunda não lembro e Manaus foi a terceira.
Maravilhosa sua descrição com mistura de ficção e realidade. Desconhecia, porém, que o projeto do Mercado Adolpho Lisboa tinha sido de Gustav Eiffel. Estou viajando!
O prédio da Cervejaria Miranda Corrêa ainda resiste ao tempo, apesar de o progresso destruidor. Continua do mesmo modo! Produziu uma das cervejas mais exportadas na época, a XPTO! Acredito que em determinado capítulo de seu livro, vc faz uma menção alegórica à dona de um Jornal - seria por acaso à senhora AMELIA ARCHER PINTO, companheiro, que teria salvo da falência o comendador GABRIEL GONÇALVES DA CUNHA? E de forma alegórica ABRÂAO GADELHA não teria sido HENRIQUE ARCHER PINTO, amigo?
Ou o amigo se refere a outro tempo
R.S. esclarece a Carlos Costa: “NAO É ACHER PINTO, É INVENÇÃO...”
CC envia para Rogel Samuel: “Maravilhosa, mas pensei ser uma alegoria de algum fato real!
Todo seu livro é uma mistura de realidade com alegorias criativas.
Terminei de ler o capítulo em que o amigo descreve o fim do Palácio Maxini, consumido por ratos e a morte por veneno de uma personagem e do sumiço na Mata da Índia que vivia com ele. Terrível, mas real porque isso pode se repetir com a ZFM, companheiro! Parabéns!
OBRIGADO Genial seu trabalho! Uma pesquisa e tanto!”
R.S. explica para Carlos Costa: “MAIS DE 10 ANOS DE TRABALHO....”
CC lendo o capítulo V: “De um fôlego, li todo o capítulo sobre o FREI LOTHAR! Marquei várias passagens do capítulo. Maravilhoso e crítico relato sobre a dualidade FE X FALTA DE FÉ E DESEJO DE SER VIOLONISTA. Genial! Li tudo com avidez!
R.S. envia para Carlos Costa: - OBRIGADO!!!!!!!!
CC envia para Samuel Rogel: “Adorei a mistura, só observei que o amigo escreve que o desejo dele seria descansar no bairro de Aparecida.
Naquele ano, o hoje bairro Aparecida era chamado e conhecido como Barro dos Tocos.
Isso, porém, não altera em nada sua bela descrição do FREI LOTHAR, amigo.
Existiam, na época histórica de seu romance, poucos bairros em Manaus, mas se destacavam BAIRRO DO CENTRO, O BAIRRO DOS TOCOS E O BAIRRO DOS REMEDIOS.
Depois começaram a surgir outros bairros porque os pobres não podiam viver na área do Centro porque não tinham poder aquisitivo para construir casas caiadas (in Eloína Dias -A Ilusão do Fausto). Mas em nada muda seu precioso trabalho. Estou adorando a leitura da obra O AMANTE DAS AMAZONAS. Parabéns!”
R. S. admite para Carlos Costa: “VOCÊ TEM RAZÃO... ERRO HISTÓRICO...”
CC envia para Samuel Rogel: “Não muda a genialidade de sua criação, esse ”deslise histórico” Falo dessa dualidade e conflito de forma mais poética na minha obra O HOMEM DA ROSA (Litteris Editora -RJ, 1998). O amigo não é historiador,(nem eu) mas observei esse equívoco histórico, que não considero um erro histórico; no máximo, diria que foi um pequeno deslize, a que todos nós estamos sujeitos! Nada que perde na qualidade de seu trabalho, afinal poucos sabem desse fato, amigo. O bairro da Aparecida sempre foi conhecido pela religiosidade que carrega e ficou ótimo como Aparecida. É que estou lendo com uma visão histórica!
R.S, para Carlos Costa “OK. ÓTIMO!”
CC para Samuel Rogel: “Quero descobrir o que o amigo não escreveu, mas quis dizer! Minha missão parece que será mais difícil do uma investigação de Cherlok Holms, amigo, mesmo contando com seu companheiro inseparável, o Dr.
Rsss Na página 106 de sua obra, quando cita uma badaladíssima pessoa que pintava unhas, o companheiro faz a mansão de uma cabeleireira MEZZODI? Seria uma alusão à Messody Sabbá que tinha um salão na parte inferior do prédio Maximino Corrêa?
O salão da Messody Sabba foi um dos mais famosos e frequentados pela sociedade de Manaus na década de 70 e, dessa época, guardo na memória, mulheres descendo pela Avenida Eduardo Ribeiro com bobes na cabeça cobertos por um lenço. Isso era chique! Vendia jornal na porta do Edifício Cidade de Manaus e via tudo!
Ou apenas foi uma feliz coincidência do nome de Messody?
Se foi, mirou para onde não viu e acertou na memória de minha adolescência com meus 12 lutando para sobreviver com dignidade!
Rogel Samuel responde para Carlos Costa: “É ISSO MESMO, EU NASCI NO PRÉDIO AO LADO DA Messody, eu me lembro disso..”
CC envia para Samuel Rogel: “Então não foi uma coincidência! Muito bem lembrado Nessa época, vendia jornal na porta do Edifício Cidade de Manaus. Mais uma vez, palmas! Se escrevia MESSODY e se pronunciava MEZZODI!
Caro Rogel Samuel: hoje li vários capítulos de sua obra.
Um livro de Lourenço e Amazonas, que cita em dos capítulos, eu o tenho comigo.
Atentei para algumas misturas ficcionais que o companheiro fez está o de um intelectual que tinha erudição, apesar de beber demais. Teria sido uma referência à FABIO LUCENA, ou não?”
Rogel Samuel explica para Carlos Costa: “NÃO É FABIO LUCENA...”
CC envia para Samuel Rogel: “Pensei que fosse uma alusão à FABIO, pelas características: bebia demais, era erudito, fazia citações sem abrir ou consultar livros, por isso pensei que tivesse sido uma alusão por que de Fabio Lucena, de quem diziam que ele só estava bom quando estava bêbado. Maravilhosa narrativa. Estou empolgado para saber quem seria O AMANTE DAS AMAZONAS, mas tudo me leva a crer que será o rapaz desaparecido, mas posso ter uma surpresa também!
Carlos Costa, inicia a depois de ler o último capítulo O FIM, do livro O Amante das Amazonas e comunica ao autor: “Conclui agora a leitura de sua narrativa, meio ficção, meio real, meio dramática e uma autêntica saga amazônica. Parabéns. O final me surpreendeu e terminou com desejo de lê-lo de novo, não mais buscando relacionar fatos históricos e reais com sua criação, mas pelo simples prazer de entrar nesse mundo desconhecido e mágico retratado em sua obra fantástica! Adorei! Surpreendente e atualíssimo. Um grito de alerta para futuras gerações! E terminar sua com um poema ANOITE, de Álvaro Maia, lido por Benito Botelho, melhorou ainda mais sua obra!
Adorei. Vou relê-lo de novo, mas sem o compromisso da historicidade. O farei agora de forma mais leve e centrado na narrativa e menos nas confabulações da magnífica mistura do real com a ficção.