Livro Aberto

Era um coroa bastante rodado mas ainda mais ou menos nos trinques. Ele costumava filosogar, divagar e conversar consigo próprio nos momentos que ficava sentado, num banquinho de praça. assuntando a maçaranduba do tempo.

Começava dizendo ser um livro aberto sem histórias, às vezes se comparava a um sonho incerto sem memória do passado que ficou... E, noentanto, ele era uma prova inconteste do passado.

Divagava com seus botões se dizendo um porto amigo sem navios, aduzindo, ainda, meio imodesto, ser um mar que abrigava muitos rios. Sorriu do exagero e então disparou: - Eu sou apenas o que sou!

Ali sozinho, sem testemunhas, a não a lua e as estrelas do céu, já mais realista e calçando as sandálias da humidade ele traçava com mais realismo o seu perfil:´- Eu sou um moço velho que já viveu muito, que já sofreu tudo e de certa forma, mesmo estando vivo, que já morreu velho.

Continuou explicitandp e detalhando o ser perfil: - Eu sou um moço velho que já viveu cedo, que já sofreu muito e não morreu tudo. Sim, porque sou um homem livre.

Deu uma aspirada no ar puro da noite silenciosa, só se ouvia o cicio do vento mexendo com as folhas das árvores, aí ele gritou. satisfeito. a plenos pulmões, e até se assustou com o barulho da própria voz: - Eu sou simplesmente um homem que ainda acredita no amor.

Levantou-se e saiu caminhando na noite enluarada. Era sem dúvida um coroa feliz.

-------------------------------------------------------------------- Admito que talvez tenha usado indevidamente a letra da bela canção, Moço Velho, de Sílvio César. Pardón ao autor e aos raros leitores. Mas, hermanos, fico indignado com o esquecimento a que ficou relegado esse talento da MPB, que além dessa canação, fez também a jóia musica, "Prá Você". O Brasil é uma espécie de moço velho sem memória, ingrato e extremamente injusto. Um país que prefere cantores de araque tipo Wesley Safadão. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 14/09/2015
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