Visita Carregada

Há um provébio espanhol que diz: "Yo non creo en brujas, mas que las hay, las hay!". É dele que me lembro quando recebo a visita de uma pessoa que conheço há muito tempo, desde o tempo que morávamos em Pesqueira, eu, minha esposa e filhas. Nada tenho de pessoal contra elaque me trata muito bem, a mi e minha família, não nos esquece (infelizmente), sempre telefona, passa quase uma hora contando vantagens, pessoa cordata... Mas é botar o pé no nosso apartamento e sucede o mesmo que sucedia na nossa casa em Pesqueira: as plantas murcham, algum eletro-doméstico pifa, minha ssma bate, a internet dá o créu, enfim, instala-se um clima de baixo astral. Superstição? Sei lá, não sou de acreditar nessas coisas, mas diante de fatos repetidos e concretos sou obrigado a concordar com que dizia minha saudosa avó sobre esse tipo de visita: - É visita carregada!, dizia ela. É a única explicação lógica.

Juro que quando essa visita pinta no meu pedaço eu tremo na base, fico nervoso, bate o estresse. Detalhe: essa pessoa não telefona avisando da visita, nem pergunta se temos algo para fazer que não ensejaria sua vida. Não, aparece de surpresa. E é muito espaçosa.

Tentei evitar essas visitas com a juda dos meus amigos porteiros, eles estão a parr dio problema e riem à beça. Combinamos que quando a visita chegasse eles diriam que eu e a esposa havíamos saido para a casa de um dos meus irmãos, tenho oito, mas não deixara o nome do tal irmao e nem telefone, é claro que desligamos todos os telefones. Ia tudo bem,mas eis que a visita deve ter desconfiado dessas sapidas para a casa do irmão. Então resolveu nos tocaiar. Dia desses eu e a esposa vinhamos do supermercado e assim que chegamos na portaria a visita nos abordou dizendo: - Srpresinha, vim fazer uma visita. Gelei. Ela adentrou o apartamento, assim que chegou estourou um cano na cozinha, foi aqwuela enchente, a custo fechei a torneira geral, faltou gas, a inyernet caiu e o meu neto ficou puto, a essa altura a minha esposa já tinha botado uma vassoura de cabeça para baixo atrás da porta, rezado, acendeu ateuma vela nonosso quarto. E nada, o alomoço já era, tive que pedir pelo telefone, a visita ficou e almoçou conosco, e so foi embora perto das quatrio da tarde e assim mesmo porque tinha hora num médico.

Sei não, mas se a rezadeira que um dos porteiro vai trazer para benzer a casa nao der certo vou ter que dar uma de chato, vou engriossar com a visita. Não dá mais, se não fizer isso vou entrar em depressão, é uma visita carregada. Palavra de honra.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 13/09/2015
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