A Festa
Resolveram aparecer mais pessoas do que eu esperava.
Nem todos foram convidados por mim, mas pouco importa.
Entraram e me cumprimentaram, dando-me "parabéns".
"Parabéns?" Parabéns pelo que?
Não houve nada demais, não foi nada especial. Fiz o que todos já fizeram. Porque parabenizam a mim?
'Como está?' alguém em especial me perguntou.
'Na verdade, eu não sei. Sinto que estou sumindo.' respondi.
Ele riu e me deu dois tapas amigáveis no ombro e foi se juntar aos outros na sala.
Olhei-os de longe. Estavam conversando, cantando, dançando. Felizes, encantados por estarem ali desfrutando do momento.
Eu?
Nem um raio de alegria.
Aquilo não tinha sentido, eu não entendia.
Não entendia o porque de estarem alegres. O que havia de especial nesse dia? No que fiz?
Afastei-me. Fui em direção à sacada.
Já era noite e o céu estava limpo. Podia ver algumas poucas estrelas que não foram ofuscadas pela luz da cidade. Entretanto, não podia ver a Lua.
Subi o balaústre e sentei-me ali, olhando para o vazio. Eis que veio alguém às minhas costas, pousou as mãos sobre meus ombros e disse numa voz gentil.
'Parabéns.'
Olhei por cima dos ombros e vi seu rosto. Pus minha mão sobre a sua, em meu ombro, olhei para frente e sorri.
'Obrigado.'