RISO E DOR

Costumo ler e ouvir estudiosos e figurões dissertarem sobre os problemas dos mais pobres. Sempre usam estatísticas, linguagem difícil, uma espécie de masturbação sociológica e nunca analisam esses problemas à luz da realidade e da solidariedade, desconhecem, esta a grande verdade, a vida do povo. Uma coisa é falar por ouvir dizer, fazer ilação, se basear em gráficos e tabelas; outra coisa é conhecer realmente as dores do povo, ser testemunha ocular delas.

Conheço alguns desses problemas e dores, simplesmente porque convivo com o povo, me interesso em saber sobre sua vida, independente das tais análises intelectuais e sociológicas. Por isso volto a repetir: o pau que bate em Chico nao bate em Francisco. Falar que esse cacete bate em ambos é uma deslavada e escrota mentira. Deviam primeiro, antes de dizer isso, conhecer as pessoas do povo, tomar conhecimento in loco das suas dores. Deviam fazwer mais: colocar as pessoas do povo para falar na televisão, sem necessidade de entrevistador, deixá-las contar suas vidas e principalmente suasangústias: o nó eterno preso na garganta, a revolta contida na marra, as injustiças que sofrem diariamente comendo o pão que o diabo amassou. O transporte ruim e precário, a saúde inacessível e que não funciona,a escola que não presta, as leis que só existem no papel, o salário aviltado, desemprego e, não raro, a fome e a subalimentação, a gororopa pura sem a mistura. O pau come solto no lombo dos chicos, mas nunca no dos franciscos. Para estes existe o transporte de qualidade, o plano de saúde, a escola boa e o escambal de mordomias.

Chico chora, Francisco ri. E o pior: os pequenos avanços sociais que recebeu estão pela bola sete, podem ser reduzido. Mais auma vez os gráficos e estatítiscas dos que só conhecem o povo por intermédio das análises nos gabinetes refrigerados e atapetados, dos que nunca entraram na casa de um pobre, estão sugerindo o corte de parte desses benefícios. O pau vai sobrar para o pobre lombo de chico e francisco vai ser popupado. Vida que segue. Injusta. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 13/09/2015
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