Coisas da vida
Numa tarde de domingo, eu estava na casa de um amigo quando começamos nossas conversas sobre as oportunidades que a vida nos oferece. Ríamos dos pequenos episódios que nos vinham às lembranças quando ouço um som estranho. Fico assustado com o ruído, mas depois percebo que o barulho vem de um carro de mascates. Trata-se de uma caminhonete Saveiro vermelha. Então, ao olhar para ela, vejo pendurada por todos os lados toalhas de time de futebol, lençóis, bonés e outros. O carro segue lentamente enquanto um alto-falante anuncia entusiasmado: Atenção gente nossa, vai passando em frente a sua casa, um carro cheio de novidades para você! Temos toalhas, lençóis, redes para solteiros e casais...
Quando fala que há redes, eu brinco com meu amigo:
- Olha, aproveite e compre uma rede para vocês- Ele é casado.
- Para mim sim, mas a Sueca não deita em redes.
Curioso, eu quis saber o motivo:
- Há alguns anos, quando me mudei para esta pacata cidade, comprei uma rede daquelas.
Ao chegar a minha casa, mais que depressa, fui armá-la para sentir o prazer de me jogar sobre ela e ficar um bom tempo a balançar de um lado a outro. Quando finalmente, ficou pronta para o desfrute, minha mulher veio correndo:
- Eu é que vou me deitar primeiro!
Não concordando com a ideia, tentei me mover para não permitir que ela fosse a primeira aproveitar daquele momento de prazer, mas devido às minhas limitações físicas, não consegui. Mais rápida, ela se jogou sobre a rede que, traiçoeiramente, veio a baixo, deixando cair no chão o corpo da minha companheira que deu um grito de susto pelo inesperado. Foi uma queda seca.
Chateada, segundos depois, ela se levantou e foi para o quarto.
Ao verificar o motivo da queda, constatei que um dos ganchos fixado na parede foi arrancado com o impacto. Puxa! O concreto não suportou! Se fosse eu, também teria passado por maus bocados! Coitada!
Fui até o quarto para consolá-la, mas ela acusou:
- Você é o culpado! Faz os serviços mal feitos e depois quem paga o pato sou eu!
Passou o resto do dia sem querer papo comigo, restando-me, por isso, tempo livre para refletir sobre o ocorrido.
- Dos males o menor: Perdi a competição, mas me livrei de uma queda daquelas! Pena que sobrou para minha esposa!