AS VERDADES QUE ME FALTAM.
As verdades que me faltam são aquelas respostas que a gente procura e a vida não nos dá.
Há muitas razões para sermos otimistas e várias para sermos robôs ou reféns das inverdades que campeiam nossos espaços fraternos. Por que não conseguimos enxergar as coisas que o destino traça?
Está aí uma fonte segura de insegurança.
Por mais que façamos de nossa vida um livro aberto, com folhas escritas, há sempre uma página em branco na qual nunca conseguimos escrever nada.
Os mistérios da vida são coisas abstratas que por mais que venhamos a querer desvendá-las elas continuam a esconder algo que nos causa desconforto.
Educar os filhos, por exemplo, é algo quase que ilógico. O silogismo dessa assertiva teria de nos dar uma resposta concreta. Educo, dedico-me, esforço-me, dou mais que posso, logo, o resultado deveria ser: um filho pronto para o sucesso da vida ascendente. Mas, não! Isso não é correto sempre. Alguns seres humanos munidos do livre arbítrio são avessos ao processo de educação e se tornam um ente fracassado.
E a expectativa de convivência mútua? Não depende exclusivamente da boa intenção. Há nessa relação um elo de indisciplina natural. As pessoas para serem felizes precisam, antes de tudo, serem livres de pensamento e de atitude. Mas não é bem assim que a coisa funciona. Há um tênue controle de conduta por parte de quem lhe dá assistência diária. Essa ‘assistência’ deveria ser algo construtivo e altruísta. Só que dependendo do modo de agir de cada um essa expectativa sobrepõe o seu eu. Isso é perigoso sob o ponto de vista individual. Você tem de abrir mão de coisas que lhes são prazerosas. Falo aqui daquilo que lhe dá energia para superar os reveses. Evidente que não se trata de condutas despeitosas com o cônjuge. Só de coisas que agradam a um e não agradam ao outro. Nesse aspecto, há comportamentos bem possíveis de serem evitados ou equacionados. Mas, em contrapartida há outros quase impossíveis de serem preteridos porque implicam na felicidade individual.
E as amizades então! Temos de ter um tato inquestionável de estabelecer ondas de proteção contra aqueles que são próximos por conveniência e abrirmos nossa retaguarda para aqueles que realmente lhe reservam alguma consideração.
Nesse cenário há muito para se aprender. Primeiro: não devemos ser seletivos demais, já que as pessoas possuem os chamados pequenos defeitos (superáveis). Segundo: nunca prejulgar. Os humanos que não são passíveis de consideração tendem a se revelar com a convivência. Terceiro: nunca desprezar as pessoas. Elas são humanas e como tal merecem conviver livres. Só que temos de saber a hora de acompanhá-las e também o momento de seguir outro rumo.
O fato é que tudo não passa de conceitos.
A realidade e o dia a dia é que se encarrega de nos dar algumas respostas e alguns resultados. Mas, isso não garante nada. Podemos até ser iludidos. Podemos acreditar em algo até que aquilo se transforme em cinza. Nada é definitivo. Nem a alegria nem a tristeza. São momentos sazonais, mas inerentes à nossa vida.
Entretanto, acho que todos esses ingredientes é que tornam a vida um desafio. O ser humano possui uma onda de expectativa e de enfrentamentos. Algumas respostas vêm com o tempo. Outras, nem tanto. O importante é persegui-las.
Só a Deus é reservado o espiar de nossa ficha existencial. Ele nos ofereceu o livre arbítrio como uma paixão que embriaga. Só nos resta seguir essa onda de desafios, sem reclamar, com perseverança e fé. Creio que lá no final quando faltarem as forças há que se encontrar um descanso salutar pela dignidade de se ter construído algo bom aqui neste mundo expiatório.