Um breve recorte histórico África – Brasil
Amigo Virgílio ! Dom Pedro I foi voraz pelas riquezas brasileiras. Quase acabaram com o pau-brasil. O açúcar, o Ouro das Gerais, tudo natural que podia ser transformado e lastreado pelo Bancos Ingleses. Almejado pelas tropas holandesas. Mas enfim, o brasileiro mesmo, o mestiço, quase nada herdou dessa riqueza nativa. O brasileiro já nasce um pária, um desafortunado ! Como poderia a população considerar tão aberrante a corrupção atual se nas veias desse país corre sangue corsário. Os que vieram da Inglaterra comandar a Independência eram senão alguma coisa além disso ?
Haverá dias históricos a nos lembrar desses fatos que nos marcaram como a ferradura queimada no corpo. Basta abrires as principais notícias da semana. Todos os caminhos levam à corrupção porque talvez o DNA se amolde pela via dos costumes. Analogamente, poderia ser considerado um tipo de Epigenética. Entretanto - caro amigo – porque te conto isso ? Perceba a correlação existente entre nossos continentes. Não poderá haver recursos genéticos conservados e bem distribuídos se não for respeitada a África. O Europeu nunca domou a África, como não domou a América. A vergonha da escravidão tornou-se o drama assalariado. Os recursos naturais da África foram exauridos por mais de 400 anos de exploração. Os bancos europeus adornaram-se de diamantes nas vestes das princesas de Gales. Os jogadores de futebol franceses utilizaram os melhores perfumes e os licores de Amarula coletados na selva congolesa. Não haverá uma possível solução para esse impasse porque o europeu aculturou ambos continentes, africano e americano.
Todavia o elefante negro resiste, mesmo de marfim cortado, mesmo anoréxico, mesmo enfermo, mesmo aculturado. Enquanto a floresta equatorial persistir emanando a vida amaldiçoada pelos homens, o elefante negro se manterá de pé. Educará seus filhos, abençoado por Oxossi, fará seu povo liberto da opressão, dominará os radicais e os deportará da Terra abençoada.
O que temos de semelhante na nossa história possuímos também no nosso DNA, na culinária mais azeitada, na dança ritmada, na riqueza dos sotaques, na perícia para preparar doces, na esperança inocente que nos salvou dos caçadores que apontavam suas espingardas em riste para abater o animal sagrado. Mas o animal hábil corre por entre as margens dos mananciais inesgotáveis, seguindo os cursos d’água e desaguando no Atlântico. Talvez quem sabe até a antes submersa Atlântida ressurgirá do Antigo continente. Com os novos habitantes conscientes da sua responsabilidade com as riquezas naturais que não podem ser outra coisa senão a perpetuação das variadas formas de vida se manifestando do modo mais sutil e trágico possível, através da solidariedade.