Receita pra dizer adeus
Às vezes acontece da história sair do eixo, aí o roteiro é boicotado pelo destino, os sentidos menosprezados pela falta de tempo. E o que era pra ser amor vira lembrança, vira saudade ou sorriso parado no porta retrato. E aí vem o avesso, o frio na barriga e o embrulhar do estômago.
Às vezes é preciso estar só pra entender o que se passa e o que incomoda. Tem ferida que não sara e algumas necessárias. Acaba que com a dor vem o aprendizado e a capacidade de escolher se dá pra conviver com ela ou não.
Porque tem história que é pura fantasia ou brincadeira de roda. Tem história que é letra de música que dá vontade de viver, mas a melodia acaba toda hora. Tem história que acontece quando o silêncio chega e a gente percebe que quem faz muito barulho, na verdade, não diz nada.
Tem história que tem o fim que a gente deseja. E se a gente não sabe o que deseja ela fica ali, como a gente, sem saber que direção seguir.
Tem história que é bonita quando a gente conta ou depois que passa e amarela. Tem história que acontece quando a gente deixa, quando a gente fica e o outro não nos acompanha.
Tem história que só começa quando a gente vai embora.
Ana Nunes