ANDAR DE ÔNIBUS NO RIO DE JANEIRO - UMA FAÇANHA

Pegar um ônibus na cidade do Rio de Janeiro é uma tarefa árdua e que exige muita coragem.

Antes de tudo, você também tem que contar com a sorte, pois do contrário, ficará mofando no ponto a espera de um coletivo que provavelmente passará por fora. E aí, meu caro, só resta esperar pelo próximo, e torcer para que não demore muito.

Além disso, você tem que pedir ajuda ao seu anjo da guarda para que o motorista não saia do ponto enquanto você ainda estiver subindo os degraus. Logo depois, aconselho a continuar rezando para que o sinal feche, e que você possa se sentar. Por quê? Ora leitor inocente, quando o ás do volante arrancar, os corpos dos passageiros serão projetados para frente e para trás, e infelizmente esse “efeito ricochete” já causou sérios problemas de coluna em diversas pessoas.

Em seguida, procure focar na paisagem ou no seu celular para não ver os finos que o motorista vai tirar dos outros veículos. Sem falar, é claro, das guinadas de um lado para outro, das freadas bruscas, dos solavancos horrorosos...

Agora se você pensa que o pior já passou, está enganado, coitado. Falta saltar porque por essas bandas ninguém desce, salta. De novo o fator sorte tem que estar do seu lado para o motorista parar no ponto para o qual você tocou. Do contrário, prepare-se para andar por um bom tempo porque os ônibus BRS têm mais ou menos três quadras de distância entre um ponto e outro. Além do mais, fica a dica: após tocar o sinal e levantar, separe um pouco as pernas para obter maior equilíbrio, e segure-se com as duas mãos. Ore também baixinho para você já estar na calçada quando o piloto recomeçar a corrida.

Brincadeiras à parte, eu fico pensando, como podem as empresas permitir que seus funcionários dirijam desse modo pela cidade, expondo principalmente crianças e idosos ao risco de quedas? Por sua vez, por que as pessoas não fazem nada? A impressão que tenho é que os cidadãos estão anestesiados, e parecem encarar essa aventura como um fato corriqueiro.

Por último, questiono a participação do governo do Rio em bolar campanhas efetivas de reeducação no trânsito para os motoristas de ônibus. Como pode uma cidade que se propôs a sediar eventos internacionais (a Jornada Mundial da Juventude em 2013, a Copa do Mundo em 2014) e que agora vai receber os Jogos Olímpicos em 2016, ainda não ter feito nada a respeito? Será que as autoridades estão na dúvida se cipós seriam mais seguros?

Beth Rangel
Enviado por Beth Rangel em 09/09/2015
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