A culpa é do umbigo
Não raro, vemos nos noticiários, manchetes a respeito de manifestações em que a população indignada, tenta mostrar suas insatisfações à comunidade. E, há épocas, como a atual, em que só se vê e ouve-se falar nessas questões, principalmente pela exaustão em que se encontra o povo em relação aos absurdos ditos de forma tão normal sobre o rombo e o roubo gerados pela incompetência e pela corrupção. Esses incompetentes e corruptos que provocam esses fatos são políticos, administradores públicos, servidores, empresários; pessoas que tiveram a oportunidade de galgar um posto de destaque e de poder sobre os demais. Agarrados a estes, como piolhos, há um universo de pessoas que acabam tirando proveito, ou pelo menos obtém a promessa de algum favorecimento futuro.
Esta síntese nos leva a origem do problema: O Umbigo – sm (lat umbilicu) 1 Anat cicatriz deixada pelo cordão que serve para a comunicação entre o embrião e a placenta durante a gestação, responsável pela troca gasosa, além da garantia de nutrientes.
Como se vê, sem nenhuma utilidade após o nascimento, embora para algumas pessoas ele continue sendo o centro da vida, a parte mais bela e importante do seu corpo e que precisa constantemente ser exaltada, mesmo que seja à custa do descaso com o semelhante.
Com base nessa ideia, percebe-se que essas pessoas desconsideram toda e qualquer outra possibilidade que venha de encontro aos seus interesses, ou melhor, do interesse de seu umbigo. Riscam de seus dicionários as palavras, coletivo, cooperação e o termo “bem comum”. Além disso, parecem não acreditar no futuro; para elas não existe o amanhã, apenas o hoje.
Pobres delas, pobres de nós – falimos as instituições, perdemos a identidade.
E a crise é o resultado final; estendendo-se à política, à economia, à família....
Se recorrermos às fábulas, veremos, de maneira simples, a importância em valorizar o próximo; do quanto é necessário somar forças e esquecer um pouquinho o egocentrismo.
Na fábula da ratoeira, por exemplo, diz: Um rato, olhando pelo buraco da parede, vê o fazendeiro e sua esposa abrindo um pacote. Pensou logo no tipo de comida que haveria ali. Ao descobrir que era uma ratoeira ficou aterrorizado. Correu ao pátio da fazenda, advertindo a todos: há uma ratoeira na casa, uma ratoeira na casa! –
Os outros animais não lhe deram ouvidos, afinal, apenas o rato corria perigo. No final das contas, (não vou contar a história, mas quem tiver interesse leia, por favor) todos os animais da fazenda acabaram mortos, porque quando numa sociedade há risco para um, certamente haverá para outros.
Na nossa realidade a situação é a mesma, mas poucos veem. A regra é não se misturar com quem está em situação inferior. Se há manifestação de determinada categoria de trabalhadores ou de parte da população, quem se interessa em saber de seus “perigos”? Poucos talvez. O que vemos são pessoas se revoltarem com possíveis prejuízos que venham a ter decorrentes do movimento, esquecendo que logo ali, se já não o fizeram, usarão do mesmo artifício para buscar aquilo que consideram seu, de direito.
Esta é a sociedade da qual fazemos parte, fruto dos nossos atos, sejam eles certos ou errados. Portanto, por um momento esqueça do seu umbigo, e veja se não há uma ratoeira no seu meio.