Amadurecimento

Observando a rua em que eu nasci, pude sentir o sol aquecer minha fronte...

Um sol avermelhado, bem suave... Aquele que nos toca vagarosamente...

Em um dado momento eu fechei os olhos, e me arrepiei com uma brisa que acariciou meus dedos... E na rua fiquei a observar!

Notei que algumas crianças passavam e brincavam, e era tão gostoso ver seus olhares e pude sentir suas euforias, de correr numa tarde com alegria... De rir das bicicletas que passavam... De desconfiarem de um cara que observava...

Em seguida, notei que no final da rua, aproximava-se um casal de velhinhos que andavam sem compromisso de chegada... Quando por mim eles passaram, o senhor me cumprimentou e a senhora discretamente acenou...

E eu não sabia se olhava às crianças ou cumprimentava os velhinhos...

O tempo passou e as crianças entraram e os velhinhos não mais caminhavam... Entretanto, a rua tomava seu aspecto mais gélido e misterioso. Rapidamente um amigo meu de infância, que trabalhava muito, passou ao longe, ele acenou... E eu não sabia se acenava ou se me lembrava de como era divertido quando brincávamos na rua... Na nossa infância!

E não me conformei com aquele vazio que acabará de sentir e numa ação irracional decidi sentar no meio-fio e esperar... Como se esperasse que a rua me resgatasse a despreocupação da infância... Mas, conforme a noite chegava, as casas se aqueciam, as luzes acendiam e os carros passavam... Algumas casas faziam silêncio, outras casas tocavam música e em outra se agitava uma discussão... Num portão uma criança saíra para comprar alguma coisa, do outro lado da rua os velinhos regressavam e, ao longe, meu amigo desaparecia em seu carro...

E aquela sensação de testemunhar, ora era surpreendente, ora me adormecia...

Na verdade eu sentia frio, solidão e saudade...

Quando me preparava para levantar do meio-fio, uma mão me tocou o ombro...

Eu gelei! Não sabia quem era... Virei-me!

Quando virei, e para meu espanto, era aquela criança que saíra para comprar algo...

Ela olhou diretamente em meus olhos, num breve momento, mas de maneira tão espontânea, como só as crianças o fazem e me disse:

-Aqui está senhor! Peguei essa flor para você, pois minha mãe me ensinou que não devemos ficar tristes, pois a vida é como um presente inesperado, só sorri aqueles que realmente são gratos...

E sem perceber! Eu estava sorrindo...

Rascunho de Poeta
Enviado por Rascunho de Poeta em 23/06/2007
Código do texto: T537414
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