SOBRE A IMAGEM DA CRIANÇA MORTA.

Ana e Lúcia, não discordo de vocês, como gosto de dizer, convergimos nas divergências que só aproximam com proveito nossas reflexões. Abordo ao final a imagem do Cristo crucificado, sem possibilidade de parâmetros. A imagem, as imagens, mudaram o mundo. Por quê? São fortes, entram pelos olhos e vão incontinenti ao sistema nervoso central, e ferem, alegram, chocam,trazem paz. Um exemplo simples. Neste site os que se valem de imagens, com textos pobres, têm alcance que não teriam sem imagens. O que primeiro impressiona é a imagem. Devem conhecer o livro a Galáxia de Gutemberg, que fala sobre a era da eletricidade, que mudou o mundo. Coloquem essa notícia, de que se afogou um menino sírio cujo corpo foi achado em praia do litoral mediterrâneo. Seria mais uma notícia, um mero texto. Com a imagem brutal, do qual a mídia se valeu,e consectários, é outra escala em termos de mercancia. Quanto se faturou sob essa imagem violenta e selvagem? É isso, o egoísmo. Quais desses disseminadores dessa imagem fizeram algo em favor dos refugiados? Ninguém.

07/09/2015 17:25 - Celso Panza

CONTINUAÇÃO. Na vida, Maniqueu continua despontando, o bem e o mal. O mal dessa imagem trouxe o bem de abrir fronteiras da Europa.Só isso. Por quê? Pela violência e selvageria dessa imagem. Felizmente resultou algo positivo em termos de martírio, o mesmo martírio pelo qual a imagem do Cristo, que a nada pode ser comparada, primeiro por ser um divisor de escolha entre o bem e o mal, e por isso seu martírio não é lembrado de forma selvagem, mas iconográfico, por ser histórico,memorialista, fazer parte, inclusive, da história romana, como tantas outras imagens históricas expressivas, citaria muitas, sem o mínimo de expressão equivalente a de Jesus. Segundo por ser uma bandeira exclusiva de amor dividindo o tempo, gregorianamente, questão mais que histórica. Perdoem, a comparação é indevida. O comum, a morte de crianças ao correr dos tempos, injustas como toda morte, guarda muita distância da morte lembrada de Jesus,por puro amor, nunca pelo desamor de quem morreu por amor,o Cristo. Esta e muitas outras crianças morreram pelo egoísmo, o mesmo dos que exploraram sua imagem. Abraço, Celso

07/09/2015 13:15 - Lúcia Constantino

Bom dia, meu amigo. Também acho terrível a exposição midiática da dor -- e a exploração dela. Mas tenho também que concordar com a Ana Bailune, pois também não gosto de ver o Cristo crucificado. Para mim, ver imagens dele ressuscitando, andando, caminhando entre o seu povo toca muito mais ao coração. Acho a exposição da cruz também algo mórbido, explorado sem sentido, nunca gostei mesmo. Assim também como as relíquias dos santos, corpos dos santos expostos à visitação, também acho um tipo de exploração da fé que não precisava existir jamais. Basta-nos a fé e a confiança nas palavras do Cristo, nao precisamos de mais nada. A vida é eterna e ver ele caminhando, com as crianças, por exemplo, já nos motiva a crer em dias melhores, e eles virão. Um grande abraço de boa tarde.

07/09/2015 08:58 - Ana Bailune

Estive pensando... sempre achei mórbida a imagem de Cristo morto, pendurado em uma cruz. Se isso tivesse acontecido nos dias de hoje, provavelmente haveria fotos e mais fotos espalhadas por aí... talvez, quando uma imagem assim aparece, ela represente Crito sendo crucificado e recrucificado e recrucificado...

07/09/2015 08:37 - Ana Bailune

Bom dia, Celso. Muitas vezes esta imagem e muitos textos sobre ela tem circulado pela internet, seja no Facebook, Twitter, jornais e demais redes sociais. E eu me pergunto: qual a diferença entre explorar uma imagem ou explorar o mesmo tema, sem a imagem? Eu creio que existem razões e razões, e é muito difícil julgá-las todas. Impossível colocar-se na mente de alguém e dizer os motivos reais pelos quais esta pessoa fez algo.Vivemos em uma época na qual tudo é partilhado, propagado, tudo torna-se público e "a informação chega às nossas portas sem que estejamos até mesmo preparados," como bem disse Bernard Gontier: "A gente liga a TV sem saber o que nos espera." Mas o verdadeiro motivo de ter postado esta ou aquela imagem, este ou aquele texto, somente quem os partilhou saberá dizer. Sou contra esta mania atual de mostrar apenas felicidade a qualquer custo e esconder o que é feio sob um tapete podre e desgastado. É muito difícil dizer qual é o sentimento que sente e qual é o sentimento que não sente. A igreja católica, por exemplo, gosta de guardar os restos mortais de pessoas a quem chama de santos, e também suas relíquias, e isto não seria - caso considerássemos a imagem do menino como as relíquias de um tempo sem amor - igualmente mórbido? Bem, quem sou eu para julgar... prefiro acreditar que quem o fez o tenha feito como demonstração de fé, ou que teve seus próprios motivos para fazê-los; motivos estes que eu não alcanço.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 07/09/2015
Código do texto: T5374074
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