LIBERDADE versus INDEPENDÊNCIA: LEVANTEM AS ASAS SOBRE NÓS!
OPINIÃO
Hoje mais um sete de setembro insípido se comemora por aqui, embora dia histórico e importante, marco da nossa independência geopolítica de Portugal.
Digo insípido porque hoje, em meio ao tudo lamentável que o mundo todo já sabe, (são pontuais os que nunca sabem de nada) é notório que os protocolos oficiais são cumpridos automaticamente, meio de soslaio aos olhos da cidadania machucada e decepcionada, sem aquele ânimo de outrora, tempos dum recente passado de campos fartos tão decantados ao mundo e a nós, sempre encenado pelos púlpitos de quem nos comanda e nos representa pela diplomação democrática nas urnas.
Fato é que a prática social hoje já se distancia das teorias encenadas pelos palcos espalhafatosos de miragens políticas e as cenas chocantes e aviltantes saem debaixo do "ocultismo" de todos os tapetes vermelhos.
Já não sei dizer se o comando, embora legal, seja de fato representativo em meio a tantos percalços sócio-políticos, a tantas inverdades descobertas e a tantos gritos populares que ouvimos frente ao tudo surreal que vivemos por aqui.
É muito grande o nosso sofrimento de povo livre e independente.
Mas, com todo respeito e sempre dentro do direito à opinião cidadã, o que me faz parar para escrever é a ânsia de perguntar a mim mesma o que de fato comemoramos nesta data.
Pra que festa num momento tão difícil?
Precisamos é de postura e de iniciativas pró- ativas e eficientes ao interesse público!
Protocolarmente todos sabemos o que se comemora, mas, quais os frutos atuais dessa liberdade que todos comemoramos efusivamente pela História?
Ela nos reverte, atualmente, qualidade de vida cidadã livremente consciente do todo?
Vivemos um sagrado Estado Democrático de Direito, é verdade, ao menos desde 1988 com a promulgação da nossa CONSTITUIÇÃO CIDADÃ, mas paradoxalmente, na prática da vida diária, opino que apenas desfrutamos de migalhas de cidadania barganhada, um "tomaládacá" frente a um fisiologismo político histórico que nos promove as duras penas dum todo dramaticamente sucateado, dentre interesses pessoais cada vez mais crescentes em detrimento da Nação, portanto, obviamente me pergunto se, embora INDEPENDENTES, realmente vivemos os bons frutos da sagrada liberdade democrática cantada em verso e prosa, muito mais em prosa poética pelos púlpitos de todos os poderes que tudo podem.
Há liberdade de existir, de fato, para o cidadão comum?
Como se explicar uma sociedade independente, livre e tão violenta, a mercê da própria sorte, a ponto de ter medo epidêmico de desfrutar a própria e minguada cidadania pelas ruas do país?
Como se explicar uma consciência política cada vez mais amputada pela falta de promoção educacional?
Como substituir programaticamente cidadania por ideologia?
Ideologia promove liberdade de pensamento e de escolha?
Como se explicar um país atolado na malha da corrupção dos costumes, do patrimônio e das esperanças de dignidade social almejada de direito para as próximas gerações?
O que explica, afinal, termos chegado num caos sócio- político que hoje trava nosso desenvolvimento sustentável, nos achincalha e nos desacredita ao mundo a nos fazer, paradoxalmente "independentes, libertos e paralizados" em crescimento autóctone e sustentável, num meio caótico que nega nossa insígnia positivista de "ordem e progresso" a nos devolver justamente a sua antítese, no tudo que nos é mais sagrado?
E justamente num país de riquezas e de dimensões continentais que joga seus recursos materiais e naturais nos ralos, a nos deixar dependentes do mundo quanto ao tudo mais simples de tecnologia básica para se viver mimimamente confortável,(até para se fazer um pãozinho!) o que nos seria o mínimo de justo retorno do nosso trabalho, o que rende ao erário impostos cada vez mais aviltantes e sem retorno social prioritário algum .
Até quando seremos livres e independentes o suficiente para manter benesses à tanta corrupção sistematizada?
Que independência é essa que sequer nos eleva às condições de cuidarmos dignamente dos nossos ecossistemas e deles extrair soberania nacional, pré-requisito fundamental livre e independente para condições dignas de vida, como em qualquer país que preza pelo seu solo Pátrio?
Cadê o nosso petróleo?
Quem levou embora toda nossa energia propulsora de desenvolvimento?
Estamos assolados na seca por desmatamento assustador, na falta dágua e de chuvas pra todos os lados, na falta de energia, na ausência de infraestrutura logística de transporte, com déficit assustador de habitação, saúde e educação aos cacos, patrimônio cultural em franca depredação, enfim, nivelados à dor social sem precedentes.
A inflação carcome os salários. Inflação inclusive alavancada por tarifas públicas altíssimas sobre o que nos levaram, o que é mais surreal!
Não vou mais enxugar gelo...mas ainda pergunto à nossa sagrada independência:
Exatamente onde perdemos nosso rumo progressista de solo independente?
Para aonde querem conduzir a Nação e seus cidadãos livres e que a sustentam com suor do trabalho duro, até esse hoje francamente desrespeitado?
Como ser livre para de fato escolher com consciência um melhor futuro às nossas gerações, por ora totalmente esquecidas, e hoje sem parâmetros sequer para escolher entre o pior e o menos ruim para o País do futuro cujo presente já mina totalmente seus caminhos para uma posteridade de destaque mundial?
Como continuar a ser livres e independentes algemados em todos os tipos de misérias e dos desconhecimentos, com índices de desenvolvimento humano dolorosos, enfim, LIVRES -REFÉNS de nós mesmos?
Somos um República Independente, é verdade.
Portanto, o país é do povo, não é dos reis nús, sempre gosto de exemplificar meu sentimento político com essa fábula do rei pelado.
Eu a considero perfeita para o nosso momento...
Termino em oração pela RE-PÚBLICA DE TODOS NÓS, a COISA PÚBLICA que nos foi SORRATEIRAMENTE furtada pelas corrupções ao longos dos tempos , a explicar toda nossa atual e refém escuridão social, a que nos derruba ao chão dos insucessos e das indignidades humanas programáticas, aquelas advindas das mãos de quem na verdade pouco ou nenhum respeito tem pelo seu solo e pelo seu povo livre , cada vez mais escravo dos furtos das consciências.
Que ao menos Deus não nos abandone.
Só para lembrar versos fortes:
"Liberdade, liberdade
Abre as asas sobre nós
Das lutas nas tempetades
Dá que ouçamos sua voz..."
Hino da Proclamação da República, letra Medeiros e Albuquerque.