D U R E Z A

Por mais que eu jure ao meu neto como eram as coisas antigamente, ele não acredita, fica pensando que é gozação, brincadeira.

Quando digo a ele, por exemplo, que, menino, só comia maçã e tomava guaraná quando estava doente, ele começa a rir, gargalha. Não acredita de jeito nenhum. O mesmo e que usava roupa cerzida, mandava botar meia sola no sapato, andava pelas ruas descalço...

Mas pior é quando digo a ele que a luz elétrica apagava às dez horas da noite e uns dez minutos antes todo mundo se recolhia em casa e acendia os candeeiros. Explicar o que era candeeiro foi difícil.

Conto várias coisas, o perigo da série, os meninos acompanhando o palhaço, as caçadas de baleadeiras... Mas o que o que lhe causa mais espanto é quando conto como eram os namoros de antigamente, o ritual, a mocinha guardando a cadeira para o namorado no escurinho do cinema... Ele acha que é invenção. Masdia desses grelou os olhos e pensou que eu estava doido quando lhe disse, ele é um adolescente, que a maioria quase absoluta das moças, até de l8 e vinte anos eram virgens. Ele balançou a cabeça e disse que eu já estava caducando.

Não acredita na dureza do passado. E, cá para nós, com os avanços de hoje fica mesmodifícil acreditart. Mas como tenho saudade do passado.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 07/09/2015
Código do texto: T5373440
Classificação de conteúdo: seguro