ROTEIRO DE VIAGEM I - DIAMANTINA E OSCAR NIEMAYER
Em recente viagem de férias pelas Minas Gerais conheci a cidade de Diamantina que mantém bem conservada, em seu acervo arquitetônico (casario, igrejas, ruas, becos, monumentos, calçamento pé-de-moleque, etc.), traços de como eram as suas construções, baseadas na utilização da taipa de pilão e da madeira, durante o período colonial onde a economia do município estava ligada à mineração.
Ao passear pelo seu centro histórico por suas ruas, becos, caminhos deparei-me com três prédios da década de 50 do Século passado que destoam, na sua arquitetura de construção, do casario colonial que em boa parte foi levantado no Século XVIII, são eles: A Escola Estadual Júlia Kubitschek, a Faculdade de Odontologia de Diamantina, hoje, UFVJM (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri) e o hotel Tijuco. Estes três prédios possuem traços modernistas com estrutura forjada em concreto e aço e foram planejados pelo melhor, mais renomado e valorizado arquiteto da atualidade: o brasileiro Oscar Niemayer.
Quando vi estas construções do Niemayer, impulsionadas pelo mais ilustre diamantinense: Juscelino Kubitschek tive um grande choque, uma vontade imediata de questionar a validade delas, entremeadas a este “mágico universo” de conservação de traços urbanísticos do passado colonial brasileiro. Ao caminhar por Diamantina parecemos realizar uma viagem numa máquina do tempo, vivendo o Século XVIII e as suas características de forte religiosidade, de festas populares, da atividade econômica da mineração, da presença dos negros escravos, etc.
É inteligente construir naquele espaço geográfico tão peculiar construções arquitetônicas influenciadas no modernismo do Século XX? Mesmo que realizadas pelo maior arquiteto da atualidade, não seria mais lógico que ele tivesse se posto contrário a tal empreitada modernista e buscasse formas, para os prédios, seguindo os traços coloniais do casario da cidade?
O Arquiteto Niemayer, um brasileiro inteligente e sensível, talvez tenha cometido um equívoco, ao ter aceitado realizar, em Diamantina, construções arquitetônicas de influência Modernista. Ele poderia construí-las em outros municípios desprovidos de atrativos para o viajante em turismo conhece-lo alimentando assim: sua economia. Em Diamantina, onde a presença da arquitetura colonial e barroca está tão presente é de bom-grado a luta contínua para que, as construções ali efetuadas sigam as formas do casario colonial, com telhados; beirais, janelas e portas de madeira, etc. mesmo que os materiais de construção de hoje sejam outros. Não combinam em nada aqueles grandes prédios de concreto com as construções de madeira e taipa do período minerador da economia brasileira.