MINEIRINHO ESPERTO

O Zé Piaba era um caboclinho esperto, criado lá pras bandas do Pompeu/MG, terra de gente brava que não foge da raia, não tem medo de assombração e nem do “Capeta”.

Filho do Chico Maçarico e da Sinhá dos Remédios, Zé Piaba era o mais velho duma prole de nove irmãos, seis homens e três mulheres.

O Chico e a mulher Sinhá, gente simples, trabalhadeira, ensinaram aos filhos um código de conduta honesta e responsável, seguindo os padrões da gente interiorana, vivendo tranqüilos naquele bucólico lugarejo, cultivando sua roça e cuidando das suas galinhas, porcos e cabritos.

Certa ocasião apareceu um circo por lá e foi aquela agitação. Tinha palhaços, domador de leão, trapezistas, bailarinas e muita novidade. Os pompeanos enchiam o local do circo nas sessões e vinha muita gente dos arredores, esquentando o clima de paz do lugar.

Numa noite de espetáculo, Zé Piaba desentendeu-se com um estranho numa barraca de comes e bebes do lado de fora, puxaram faca e o forasteiro levou a pior, tendo o bucho furado pelo Zé Piaba e vindo a óbito.

Preso, julgado e condenado a fuzilamento, o Zé Piaba foi levado a enfrentar o pelotão de soldados do quartel, novidade que caiu como uma bomba por ali, atraindo gente do lugar e adjacências.

No dia da execução, o Major Ernestino, que comandava o pelotão, dirigiu-se ao Zé Piaba e falou:-

“- Meu filho, quero saber sua ultima vontade, pois vosmicê tem esse direito. Qual é?...”

E o caboclinho esperto não pestanejou, respondendo, alto e bom som:-

“- Eu quero comer jaca, Major!...”

“- O que é isso, rapaz? Jaca não dá agora, só daqui a seis meses!” – e o Zé Piaba, respondeu de pronto:-

“- Não faz mal, eu espero!...”

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B.Hte., 06/09/15

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 06/09/2015
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