Sonhos à Venda
 
Estava à venda. O preço seria tanto. Se alguém oferecesse tal quantia, fechava o negócio. Foi o comentário proposta da proprietária.
 
Análise: - interessante! Poderia ser um bom investimento se... Se a modernidade não ultrapassasse o próprio moderno: aquilo que é moderno hoje, amanhã já é obsoleto. Por mais que se goste, se identifique, ou que aquilo reporte ressurgindo reminiscências tudo se torna ultrapassado.
 
Ser “romântico” na pós-modernidade é um capricho. Em se tratando de empreendimento isto é um luxo. Tudo se torna lixo rapidamente.
 
Soube-se tempos depois que uma vez que não conseguia passar o ponto, as mercadorias seriam vendidas avulsas. Tudo estava sendo vendido às peças. Havia pressa!
 
Pensou em comprar esta, aquela, aquela outra... Mas por quê? Para quê? Saudosismo? Memória? Volta ao passado? Bobagem! Nostalgia machuca.
 
Mesmo assim criaram-se desculpas. É para dividir o momento  com o irmão.
 
Acorda-se do pensamento mágico, então. Iriam dias depois. Se os exemplares estivessem sendo vendidos ainda comprariam.
 
Foi-se!
 
O espaço já estava depenado. Quase tudo foi vendido. Perguntou-se pelos objetos de interesse. “Foram vendidos”. Resposta dada.
 
Ufa! Que bom! Pois comprar aquilo seria só ajuntar entulho mesmo. Porque sabe-se que é tipo de coisa que logo só existirá em museus, em casa de colecionadores e de quem sofre de passadismo e de Síndrome de Diógenes. A modernidade transforma toda tecnologia em “Coisa Velha” e a pós-modernidade, em entulho – um luxo que é lixo.
 
Com tecnologia ou sem tecnologia, com modernidade ou não, tudo é passageiro. E a vida é feita de passagens. Ou a gente compreende isto ou a gente morre de sentimentalismo. A saudade mata.
 
A casa que alugava sonhos, aventuras, ação, ficção, romances, documentários,  comédias  e pesadelos:  terror e dramas – “Nossos Jogos” - foi vendida aos poucos.
 
Por um tempo restaram suas portas pintadas de rosa. Em breve tornou-se outro estabelecimento.  Assim são as rosas de Barbacena – florescem e despetalam-se ao vento.
 
As flores nobres deixam o perfume.
 

Essências.
 

 
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 04/12/2013.
 
 
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Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 05/09/2015
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