Dorme agora. É só o vento lá fora?
 
     
          Eu vi um menino, sujo na esquina (ou tão puro ali numa praia). Ele podia ser meu filho...  E a poluição me fez chorar. Choro sem ter palavras e recorro a palavras de outros para poder até mesmo pensar.
          Cure o mundo. Faça dele um lugar melhor para mim, para você e toda a humanidade, por que nós somos o mundo, nós somos as crianças. E eu queria dizer que estive aqui, eu vivi, eu amei. Mas talvez tenha apenas que lamentar sobre como me envergonhei do que vi e do que de longe noticiei. Acho que nos esquecemos que todos somos apenas poeira ao vento.
          Chega! Tudo em nome do amor? O que mais em nome do amor?! Chega de domingos sangrentos, holocaustos, carandirus, nankings ou rosas radiotivas sem cor, sem perfume, sem rosa. Sem nada. Chega!        Por quanto tempo esperarei para ver mais claramente, sem as nuvens escuras que me cegam – que nos cegam? Quando veremos o arco-íris pelo qual temos orado e esperado tanto?
               Por quanto tempo uma foto silenciosa terá que dar conta dos clamores dos vivos que ignoramos, fingimos não existir? Ah, anjinho lindo, será que você saberá o meu nome, quando eu o vir no céu? Que céu?! Eu sei que eu não pertenço ao céu.
          Dorme agora, é só o vento lá fora. Que ninguém ouse interromper o som do silêncio. E, enquanto a cura não vem, vou sentar no meio-fio da rua, na contra-mão da multidão, no frenesi dos carros sem sentido pra seguir, [Suspirando]: Não sou daqui.
 


Esse texto é uma “colcha de retalhos” feita com alguns trechos de músicas que seguem na ordem em que aparecem nele citadas:
Olhar estrangeiro (Guilherme Arantes), Heal the world (Michael Jackson), USA For Africa – We are the world (Michael Jackson),  I was here (Beyoncé), Dust in the wind (Kansas), Pride (U2), Sunday bloody Sunday (U2), Rosa de Hiroshima (Ney Matogrosso), I can see clearly now (Jimmy Cliff), Tears in heaven (Eric Clapton),  Pais e filhos (Legião Urbana), The sound of silence, Olhar estrangeiro (Guilherme Arantes).

Também faço alusão a alguns dos grandes massacres da humanidade. Mais pode ser lido AQUI
Pequena homenagem e lamento ao menino sírio, Aylan Kurdi, morto no dia 02/09/2015, juntamente com sua mãe e seu irmão de cinco anos, no naufrágio do barco em que a família buscava fugir da guerra de seu país. Esse anjo se tornou símbolo da crise migratória na Europa.
Solimar Silva
Enviado por Solimar Silva em 05/09/2015
Reeditado em 08/05/2020
Código do texto: T5371871
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