AS MEMÓRIAS COMO RESISTÊNCIA...

Os adjetivos de cordiais, hospitaleiros e simpáticos, tão ao gosto dos que nos qualificam, pode esconder um lado nem tão amistoso assim. Pode se ser a leitura de um povo desatento, infantil, e despolitizado, sobretudo.

Tudo se explica na história pátria, recheada de golpes, interrupções na normalidade institucional, com prejuízos alarmantes sobre a educação. Não por acaso, segundo recentes pesquisas, lemos, em média, 2 livros anuais, sem entrarmos no mérito do conteúdo das obras. Evidente que isso se reflete nas opções (?) televisivas e de cinema, e na baixa audiência em espetáculos teatrais, exceto aos de comédias estrelados com atores globais. Os shows musicais não entram no histórico, independente de repertórios, bem como a presença, sempre massiva, aos campos de futebol. Ou seja, preferimos o entretenimento leve e superficial aos que nos levem a questionamentos necessários, educativos. As recentes manifestações que pulularam no País nos dá a dimensão desse universo opaco, embora querendo crer que só aprendemos caminhar, caminhando...

O que se verifica são pessoas alheias ao que se propõem, incapazes, na maioria dos casos, de concatenar racionalmente seus pleitos, num repetir uníssono de FORA ISSO, OU AQUILO.

Se as salas de aulas, saturadas de alunos displicentes,e, por vezes, agressivos a mestres mal remunerados e desestimulados, não conseguem cumprir a contento a tarefa educacional, devemos, subsidiariamente, buscar outras fontes. Os sindicatos de trabalhadores, com suas estruturas , por exemplo, podem, e devem, fornecer mais que prestação de serviços jurídicos e assistenciais, e colaborarem com a formação de seus sindicalizados, como cidadãos. O que apavora é o boato ( ainda não me ative ao assunto com propriedade) de que pretendem penalizar os professores que falarem de POLÍTICA a seus pupilos, além do direcionamento pedagógico querem, também, policiar ideologicamente os mestres em seus oficios.

Este preâmbulo para registrar o que pode significar as Memórias de um povo na Resistência ao arbítrio, como sedimentação de uma vida democrática, e perene, sem solavancos e golpes. Ontem estive com pessoas que passaram aos presentes, através de seus testemunhos de vidas, o que pode significar a ruptura institucional e abrupta da normalidade democrática de um Estado de Direito aviltado.Num debate fraterno, a história viva revisitada por protagonistas e vítimas das atrocidades(prisões, demissões sumárias, exílios e mortes), numa realidade transformada em medo e perseguições, apenas pelo legítimo direito de reivindicarem salários e melhores condições de vida, sob o funesto manto de um Estado policialesco e cruel. Vigorava a lei de Segurança Nacional, onde reivindicações de trabalhadores era considerada infração e ato subversivo da Ordem.

Parabéns, aos organizadores do evento ( que deem continuidade, se possível em espaços mais amplos e maior divulgação), ocorrido na AFUBESP (Associação dos Funcionários do Grupo Santander/Banespa), centro de São Paulo. Agradeço pela lembrança de meu nome e do convite.