DEVEMOS “APAGAR” AS MARCAS DO TEMPO?... *

As construções antigas, independentes de suas finalidades, quando há demolição, mesmo por motivos aparentemente “justificáveis”, somos envolvidos por sentimento de tristeza, sua “alma” será apagada, ficando somente as lembranças, que podem permanecer “vivas”, através das fotos ou das filmagens, arquivadas aos que se dedicam a estes estudos; que têm importância, aos que trabalharam, participaram de sua construção, na ilusão que ela seria perene...

Aquela construção* se deve há um vulto emérito do Espiritismo, * cujos fatos de sua vida são cheios de “coincidência”; nas primeiras décadas do século XX sua vida transcorria dentro da normalidade, com relativa tranqüilidade financeira, proporcionada, - talvez nem tanto como hoje. - Escrevente Juramentado de um Cartório, que fora outorgado pelo Governo; alma lúcida, coerente, toma partido contra uma decisão política, que beneficiava um seguimento religioso “dominante” na época, isto não agradou os detentores do poder, é demitido do Cartório e fica repentinamente sem os recursos financeiros, que dava a ele e sua família uma relativa tranqüilidade no orçamento de seu lar.

Na realidade, Deus, na Sua Magnânima Bondade e Justiça, já idealizara outro caminho para ele; um amigo, conhecedor de suas dificuldades, em 1.930 o convida para trabalhar no Rio de Janeiro, pela sua competência de empregado, vira sócio, agora na condição de empresário os negócios prosperam, muito além do esperado; - exportações de madeiras. - faz fortuna, não visando acumulá-la para si mais para dividir, construir obras beneméritas, em vários estados do país, um mundo tão carente ontem, como hoje, necessita destas almas abnegadas que a palavra “próximo” é sempre associada à caridade está presente em primeiro lugar...

Sua existência foi um marco de luz! Deixou imperecíveis obras, este hospital, * e o Colégio * é uma prova eloqüente que amava as terras paranaenses; a construção imponente deste hospital, seguindo as normas vigentes há 67 anos, era um avanço na área da saúde, a construção num local de cinqüenta mil metros quadrados, com diversas árvores, em que se sobressai inúmera pinheiros, o nome não poderia ser mais apropriado: Bom Retiro, aos doentes do corpo e d ´alma...

É evidente que a construção interna feitas há quase sete décadas, podem não estar dentro das normas de “modernidade” dos tempos atuais; os procedimentos médicos mudam até mesmo nos aspectos físicos das construções; não tem nossas palavras simplesmente um sentido de crítica, pois as atitudes já foram tomadas, o hospital será demolido e já foi construído em outro local, obedecendo os avanços da modernidade; ao mesmo tempo nos dá a impressão que faltou o diálogo com as 323 instituições filiadas a FEP ; que poderia ajudar a adaptar este antigo prédio, com características inovadoras na parte interna, se preservando o aspecto externo, creio que os recursos viriam, ou em última alternativa com a venda de parte do grande terreno agregado... Nossas palavras não passam de conjecturas, diante deste fato já consumado...

Sentimos um misto de tristeza, principalmente com este vulto emérito, que tanto amou o Paraná, que pediu que os seus restos mortais repousassem naquele local...

Tudo isto nós dá a impressão que nós, os espíritas, não soubemos, administrar, contemporizar e achar soluções alternativas para preservar a instituição naquele exato lugar, que este espírito lúcido coerente que já naquela época vivia além de seu tempo, na pacata Curitiba de menos de duzentos mil habitantes, erguendo um hospital para tratar de doenças neurológicas com os melhores recursos de seu tempo...

* O que nos levou a estas Reflexões do Cotidiano foi à excelente reportagem da Gazeta do Povo, edição de domingo: Vida e Cidadania, Uma Paisagem em Despedida, reportagem de Marcelo Andrade/Gazeta do Povo.

*Hospital Espírita Psiquiátrico Bom Retiro.

* Dr. Artur Lins de Vasconcelos Lopes, nasceu em 27 de março 1.891, na cidade de Teixeira, alto sertão da Paraíba do Norte. Desencarnou em 21 de março de 1.952 na cidade de São Paulo, faltando seis dias para completar sessenta e um anos. “Sendo sepultado, conforme seus desejos, no jardim do Sanatório “Bom Retiro”, em Curitiba, cidade que muito amou.” * Grandes Espíritas do Brasil, Zéus Wantuil Editado pela Federação Espírita Brasileira.

* Colégio Lins de Vasconcelos

Curitiba, 28 de agosto de 2.012 - Reflexões do Cotidiano – Saul

Hoje é 03 de setembro de 2015

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Walmor Zimerman
Enviado por Walmor Zimerman em 03/09/2015
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