"Independência"II

Não havia quem não reconhecesse que Azambujanra estava sendo muito bom para aquela gente pobre e sofrida da favela. Já estava com suspeitas de prestar esse assistencialismo beneficiando algum político. Não tinha conselho que resolvesse, mas o seu amigo escritor, experiente, o corrigiu. O problema maior de Azambujanra era a bebida alcoólica e cigarros. Quando sentava à mesa de um bar, não se controlava e se embriagava. Gostava muito de contar historietas e ensinar aquela gente, o quê?, que a bebida e o cigarro são as piores drogas?

Enquanto isso, aqui no Brasil, em 2013, quando houve a onda de protestos contra corrupção, o governo (sic) desembolsou R$ 4,7 milhões com produção e publicidade do Sete de Setembro. A meu ver, o povo não deveria comemorar. Comemorar o que? Quem não se lembra quando o padre italiano Vito Miracapillo (1), foi expulso do Brasil, por haver denunciado que os trabalhadores brasileiros não tinham nada a comemorar no dia da “independência”, fazendo assim uma alusão à penúria vivida por milhões de pessoas que não tinham condições de dignidade, respeito e liberdade.

Se é para preservar a imagem da presidenta Dilma Rousseff e das autoridades convidadas para o evento, seria melhor então que o mesmo não fosse realizado. Em vez de desfiles de tropas militares, que tal, mais arte e cultura?

(1) – Trinta e um anos depois de sua expulsão do Brasil, o padre italiano Vito Miracapillo conquistou finalmente seu visto permanente, que confere ao religioso o direito de voltar a residir no Brasil.

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José Calvino
Enviado por José Calvino em 03/09/2015
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