ConFessO QuE CHorei
 
     Confesso que ontem chorei. Chorei quando vi nas minhas expedições diárias pela internet, a chocante imagem daquela criancinha síria de bruços na praia, morta numa fuga fracassada de seu país. Como dizem os canais de mídia, a família tentou pedir asilo no Canadá, mas lhes negaram, então decidiram ir de barco para a Europa numa tentativa desesperada de viver em paz.

     Chorei pelos sonhos de liberdade de tantos que tem morrido afogados junto a tantos irmãos, chorei pela minha pequenez de me queixar de estar difícil para pagar as contas - que eu mesma fiz, e muitas nem eram necessárias, chorei pela minha inutilidade a frente de tudo isso, chorei pela minha vontade de mudar o mundo que sempre morre na falta de prática, chorei por tudo que talvez eu pudesse fazer e não sei como e nem onde. Chorei por saber que sou tão falha e mesquinha quanto aqueles que negaram, negam e negarão ajuda a tantos outros rostos sem nomes e sem ninguém que chore e ore por eles.

     Esses pobres coitados vem e nos mostram que os modelos de civilização e vida em sociedade que hoje vigoram, são falhos e fracassados. O capitalismo e o consumismo devorador de almas que nos mantem reféns da nossa própria mediocridade e egoísmo, ainda farão muitas vítimas até que possamos perceber que este ou aquele país, esta ou aquela terra, não tem dono, são todos de todos, para compartilharmos como irmãos, homens e animais, de qualquer raça, credo ou opção sexual.

     Até quando usaremos tudo e todos a nosso bel prazer, como se fossemos os donos do mundo? Nós que vivemos com muito mais do que precisamos temos responsabilidade sobre essas pessoas e a obrigação de ampará-las nos momentos críticos como esse.
Estou em luto pela nossa derrocada moral.

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