UMA CRIANÇA, MAIS UM CHOQUE
UMA CRIANÇA, MAIS UM CHOQUE
Uma criança a beira mar, seja lá em que parte do planeta, leva-nos a criar imagens doces e confortantes, de brincadeiras na areia, de construções de castelos, de uma pequena onda molhando pezinhos , que correm numa liberdade pura e sublime.
Pois é, que bom, se assim sempre fosse a estampa, e corrente fosse, o sentimento de felicidade que esses momentos proporcionam.
Na manchete de hoje, de um *jornal de grande circulação, um policial turco carrega no colo um corpinho inerte, de uma criança síria de 3 aninhos, que morreu afogada, o barco em que seus pais fugiam da guerra naufragou e ela , sua mãe e mais um irmãozinho tiveram esse triste fim. Nas
páginas internas do jornal, uma foto ainda mais triste, a criança morta na areia molhada, a mesma areia que ela jamais usará para construir seus castelos, eles sequer erguer-se-ão, desconstruídos pela estupidez de conflitos que não se justificam sob qualquer hipótese.
Aqui, um lágrima salgada, muito salgada, corre por um velho rosto que está cansado de tanta incivilidade, insensibilidade, que grassa por este mundo, dito tão aprimorado, tão evoluído em suas modernas tecnologias, mas que não consegue matar o rancor e o ódio e viver em paz, com amor e carinho por seus pequenos semelhantes.
Uma oração por Aylan, esse era seu nome.
* Manchete da Folha de São Paulo e página A12 do caderno Mundo