O BOM DAS CRISES...
Embora estejamos, ainda, nas turbulências agudas do azíago agosto, a tendência é que, após os vendavais, partamos para as soluções, dentro da ordem institucional e democrática. Até porque, se substituirmos o governo por corrupção não temos credenciais da oposição para assumir. O certo é o gastou-se sem mensurar o tamanho da crise, concordo, mas o fez com programas sociais, investimentos que trouxeram benefícios ao povo, geralmente fora das cogitações, e o primeiro a sentir, na pele, o descaso. Contudo, dar o doce é fácil, tirá-lo é outra coisa. A faca deve vir amolada, necessária, reduzindo benefícios, protelando outros, enxugando dentro do possível. Não há horizonte promissor a vista, vide a previsão orçamentária de 2016, deficitária.E a conjuntura internacional, sombria. A Câmara havia aprovado o execrável financiamento privado de campanhas, a porta, visível, dos abusos que privatizam o Estado. A propósito, diferentemente dos demais depoentes na CPI, acabrunhados como ficam os réus em tais situações, principalmente com os conselhos de advogados a permanecerem calados, o dono da Odebrecht parecia bem a vontade, como artista dando entrevistas, permitindo-se a chistes, sabia que falava a políticos que o procuram, ou procurarão, em busca de grana para as suas eleições, cedo ou tarde. Folga-me ver que o Senado votou contra, num placar de 36 x 31, a contribuição de empresas em campanhas eleitorais( amplamente apoiada pelos arautos da moralidade em manifestações: PSDB, DEM e acólitos) o que deverá retornar à Câmara. Torço para que caia no colo do governo, o veto seria uma vitória da sociedade brasileira. A depender do PT e demais partidos à esquerda, todos contrários ao projeto, tudo bem. Com o presidente Eduardo Cunha na condição de pré-réu no STF, pode ser que inibam os apoiadores da medida, enterrando, de vez, uma das mais escancaradas portas dos abusos institucionais na política nacional. Aconselho que fiquemos atentos, as redes sociais demonstram ser eficientes para se contrapor a uma mídia sob suspeitas. O Estado brasileiro ainda está na UTI, mas as crises antevem bonanças...