Selo de garantia

Como é importante nos sentirmos protegidos, amparados, nos sabendo guardados de todos os ataques a que estamos, permanentemente, sujeitos, que nos rodeiam a todo instante, e olhe que Vinícius de Moraes nos advertia que “são demais os perigos dessa vida”.

Pés de coelhos, talismãs, amuletos, anjo da guarda, ferradura, um santo de nossa devoção, cerca elétrica, olho mágico, uma pílula azul (que também nos garante), e, sobretudo, a garantia que as concessionárias dão aos nossos veículos, nos passam a confiança de que, por três temporadas, com espaços de dez em dez mil quilômetros, nossos “andantes” estarão supervisionados por profissionais qualificados.

Pronto, rodado os primeiros 9.000 quilômetros, o veículo foi levado à concessionária, que garantiria a manutenção do carro, e a segurança e bem estar do proprietário.

O Senhor sabe o custo desta primeira revisão?

Não, tem custo?

Claro, são 500,00 reais.

Mas o carro é novo, está dentro do primeiro período sujeito à revisão, pensei que fosse de graça

Não, a garantia não cobre a troca de óleo, filtros são cobrados à parte, são engraxadas as borrachas de vedação, assim como não cobre o balanceamento das rodas e pneus.

Começou a ficar claro que revisão também não daria cobertura a acidentes vasculares, infartos, e outros danos , que aquele diálogo poderia provocar no coração do proprietário.

Meu amigo, se considerarmos que comprei este carro em 48 parcelas, sem entrada, os 500,00 reais, agora cobrados, estão muito acima da minha capacidade aquisitiva. Com 500,00 reais eu coloco azeite no carro, e não o óleo que você pretende trocar; nem borrachinha usada por garotos, para matar moscas nas vidraças, precisam ser engraxadas em espaços tão curtos; a propósito, que filtro está pretendendo colocar ? Pelo preço cobrado você instalar um purificador de óleo permanente, o que me leva a pensar em deixar o carro com vocês, e levar o óleo para casa.

Houve um presidente que afirmava que os carros nacionais são verdadeiras carroças, e caros, nenhum amigo para me prevenir que ele estava se referindo ao carro que eu estava comprando.

O bom senso, além do coração, é claro, determinavam que fosse dada a meia volta, e, imediatamente, saísse daquela arapuca, que o eufemismo teima em chamar de concessionária, bem que foi tentado, mas o carro não deu partida...nada fazia com que ele pegasse.

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 02/09/2015
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