A tal cidade ...
Alguém já disse, e em algum lugar já foi escrito que Natal é a tal, e não tem outra igual, que Natal tem um poeta em cada rua e em cada esquina um jornal. Poetas existem sim, e outrora Natal pode ter possuído e editado inúmeros jornais. Mas hoje a informação é multimidiática, da banca á informática, e do boca a boca passou a ser de mãos em mãos com auxilio dos dedos.
Sem as novas tecnologias as notícias vinham das ruas, das conversas em bares, cafés e esquinas. Hoje as notícias difundem-se primeiro na internet para depois correrem as rádios e as TVs abertas. Qualquer pessoa com um celular à mão faz uma postagem na internet (on time) podendo inclusive postar uma foto (in loco). Os fatos são registrados e postados na internet, daí surge a necessidade de confirmação dos fatos. Caso contrário surge uma possibilidade de ser uma fofoca virtual.
Mas em Natal a tal, ainda tem jornal. Hoje podemos encontrar nas esquinas da cidade, jornaleiros e gazeteiros, revistarias e padarias, quitandas e bodegas vendendo jornais, agora com menos exemplares e reduzidos títulos. Jornal de HOJE e de amanhã, e na tal cidade citada inúmeros escritores e escritoras fizeram histórias, inclusive gazeteiros e jornaleiros.
Gazeteiros que brincaram nas ruas de Natal e construíram diferenciais como tal, em banca de jornal. O conhecimento esta nas ruas; vem das ruas e das viagens, chegam pelos portos e aeroportos. Natal é uma cidade portuária e aeroviária, carente em estrutura ferroviária, mas com plataformas espaciais.
Encontramos na tal cidade algumas academias de letras. Desde o modelo tradicional, às com outros conceitos estatutários, com públicos e acadêmicos restritos a temáticas e formação. Academias que prezam pelo necrológico citando as memórias literárias, como a de José Arno Galvão. Memórias profissionais e ocupacionais dos confrades que deixaram cadeiras desocupadas, partindo para um novo universo, dando a vez a um novo confrade.
Alguma justificativa há para tanta diversidade de estilos e tipografias. Quer seja por estar na esquina do continente sujeita a alísios e terrais; ou pela curva do continente com um lado voltado ao norte e outro voltado ao leste. Quer por norteamentos ou pelo levante diário do Sol.
O Trampolim da Vitória não consta como primeiro ponto avistado pela frota de Cabral, talvez por influencias dos ventos ou por ausência de elevações que pudessem ser avistadas ao longe com simples lunetas do tempo de Galileo. Mãe Luiza resolveu a questão do avistamento por navegadores.
Depois de navegarem orientados pela Estrela do Norte navegadores e exploradores vindos do outro hemisfério passaram a se orientar pelo Cruzeiro do Sul. Por ventos ou calmarias, mais as correntes marítimas, influenciaram o azimute levando Cabral e sua frota a ir mais ao sul, além da baia de Todos os Santos, que hoje abriga todos os Orixás.
Mas a tal cidade guardou sinais e lembranças de presenças holandesas, portuguesas e americanas. Heranças de limites portugueses e espanhóis com capitanias e sesmarias especiarias e feitiçarias. Sinais guardados e misturados, unidos com símbolos e costumes indígenas já existentes e enraizados.
Braços e braças, milhas e milhos, varas e varões, jardas e jargões. Uma mistura de idiomas, léguas, lenguas e línguas donde surgem saberes e sabores. Daí ser Natal a cidade de etc e tal. A palavra natal vem de natalício, nascimento, e a cidade vem sempre renascendo a cada ocupação. E uma nova ocupação esta prevista pela FIFA, uma federação que domina o controle da bola e dos pés.
Entre Natal e Parnamirim/RN ─ 06/04/2014 Texto escrito para: Jornal de HOJE – Natal/RN