VÍCIOS DE ORIGEM!

Atento ao noticiário, tenho anotado na memória alguns vícios que são inerentes a figuras públicas, jornalistas, políticos, locutores e comentaristas esportivos, nos vários setores a que me dedico no dia a dia, até para entender melhor a encruzilhada em que vivemos.

Antes de citar alguns exemplos posso garantir que houve uma depreciação de talentos, tanto na Câmara quanto no Senado da República, uma vez que tal fenômeno vem desde as Câmaras Municipais e as Assembléias Legislativas, onde a convivência de personalidades cultas com analfabetos funcionais é mais antiga.

Desde que Heloísa Helena assumiu o mandato de senadora e passou a utilizar de camisetas com a sigla do seu partido e outras com palavras de ordem, um deputado ia para o plenário usando sandália conhecida por ‘verdureira’ (usada por feirantes e homens rurais do nordeste), outro ia de cocá, outro de chapéu de vaqueiro, a coisa começou a degringolar... Agora vemos um senador de Tocantins atuar no plenário de chapéu branco com uma fita preta, conhecido nas feiras de gado como chapéu ‘cheque sem fundo’. Até quando preside a sessão o tal senador não tira o chapéu, mal sabendo que, agindo dessa forma está quebrando o decoro parlamentar, já que está à frente e embaixo dos símbolos nacionais. As casas do Congresso Nacional estão por tal ordem afastadas da sociedade que tais parlamentares acham-se acima do bem e do mal. Um outro cidadão freqüenta a Câmara e vai à tribuna fardado de oficial da PM. Nada contra a PM, mas imaginemos Tiririca na tribuna vestido de palhaço, Romário de camisa da seleção brasileira, short e chuteiras e um índio participando do plenário, nu!

No Senado e na Câmara, por onde passaram tribunos da estirpe dos baianos Rui Barbosa, Josaphat Marinho, Octávio Mangabeira, Luiz Viana Filho, Antonio Carlos Magalhães, Tarsylo Vieira de Melo (de origem sergipana, mas que representou a Bahia), sem falar em outros oradores importantes, hoje tem três senadores que, mesmo não sendo bons oradores, também não estão entre os menos dotados da palavra.

Passamos, então, a ouvir e ver pela TV Senado, senadores de várias regiões do país a repetir incessantemente palavras tidas como galicismos, outras como vício de linguagem, mas as repetições em frases seguidas com erros de concordância verbal (já que a discordância ideológica é natural), nos remetem aos antigos cursos primário e ao ginásio (atual fundamental).

Há senadores e deputados que repetem seguidamente em seus discursos, redundâncias tais como: ‘então, portanto’ por inúmeras vezes em seus pronunciamentos, inclusive, os colegas que cobrem as duas casas do Congresso Nacional estão achando bonito e têm repetido em suas reportagens na Globo News, os mesmos erros.

Antes de continuar, gostaria de explicar que nós que vivemos o tempo todo a ler e escrever, temos uma dificuldade muito grande em colocar nosso pensamento no papel. É que, antes de Portugal aprovar o novo acordo ortográfico, o governo brasileiro tratou logo de instituí-lo, achando que eram favas contadas. Dilma marcou para o início de 2015 a vigência do pseudo acordo e vários compêndios têm sido impresso com as novas regras ortográficas. Acontece que Portugal não o aprovou e se vier a fazê-lo, poderá realizar mudanças. Lembrando que nossa língua é Portuguesa e não Brasileira, como alguns pensam. Como tal, qualquer acordo ortográfico tem de ser aprovado pelo Congresso Nacional de Portugal, mesmo depois dos acordos firmados entre os ‘Executivos’ dos dois países.

Voltando à tribuna: uma senadora repete em quase todas as frases: ‘né, exatamente, né’, chegando a fazê-lo por trinta, quarenta vezes em seus discursos. Normalmente os textos são lidos da tribuna, mas os erros ocorrem nas entrelinhas, quando o orador comenta aquilo que acabou de pronunciar.

Muitos acreditam que a representação parlamentar deve ser assim mesmo, já que o povo manda para o Congresso pessoas do seu meio. Entretanto, caberia a cada qual, investido do mandato de vereador, deputado ou senador, freqüentar um curso intensivo de como se dirigir e como falar em público, e ao público.

Para não esquecer dos locutores e comentaristas esportivos, termos como ‘fulano recebeu a bola à feição’, ‘beltrano recebeu a caráter’. Outra coisa: o jogador faz o gol e o comentarista sai com essa: ‘recebeu a bola sozinho e não teve qualquer trabalho para fazer o gol’. Se o gol é o clímax da partida, como o lance que redundou na maior emoção da torcida pode ser expressa com tanta fraqueza verbal?! E por aí vai.

Segundo fomos informados, tais preciosismos provém dos ‘pontos’, colocados nos seus respectivos ouvidos. O problema é que tais atitudes desanimam o torcedor.

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 01/09/2015
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