S O G R A

Tenho um amigo que é muito brincalhão e espirituoso. Trabalhei com ele vários anos num banco. Era casado com uma mulher muito simpática e também espirituosa. Era um casal muito divertido. E se amavam de verdade.

Depois se mudaram para o Recife e perdemos um pouco do contado, mas às vezes me encontrava comele quando ia à capital, ocasião que batíamos longos papos tomando umas e outras, principalmente Cuba Libre, Rum Montilla com Coca-Cola. Sei não, mas acho que a Montilla devia premiar esse amigo meu, foi sem dúvida quem mais bebeu esse rum no mundo. Eu sempre o chamava de Pirata, devido ao pirata do rótulo do rum.

Bom,o tempo passou, nos aposentamos,e depois eu soube que a esposa dele estava muito doente, doença, grave sofreu demais, até morrer. Nesse tempo ele mudou completamente, era a tristeza em pessoa. Eu soube que nesse período quem lhe ajudara muito fora uma cunhada, irmã da esposa, que viera do sertão ajudar a irmã na luta contra a doença.

Quando soube da partida dela fiquei triste, era comose tivesse perdido algupem da família, iamaginei então que meu amigo estaria no fundo do poço, no volume morto. Mas, felizmente, isso não sucedeu. Menos de um ano depois fui a Recife e o encontrei na agência da Sete de Setembro, de braço dado no maior amor com ma coroa simpática e toda nos trinques. Foi uima festa, conversamos sentados naquelas cadeiras destinadas a quem está esperando ser atendido, e então ele sentindo que eu estava surpreso com a sua desenvoltura com a coroa, disparou rindo: "Era minha cunhada, casamos, assim eu economizei sogra".

E são muito felizes, não sei se antes ou durante, sei lá... Não interessa, o que sei é que a falecida que também era espiirituosa deve ter pensado: - Foi melhor assim, ficou tudo em casa. E priu.