PRIMOS DO JILÓ E DO QUIABO
Por um momento veio à minha mente o tempo em que eu não deixava as frutas madurarem no pomar e nos campos próximos de nossa querência.
Mamãe ficava brava, pois os pêssegos mal iam ficando de vez, e eu já os coletava para saboreá-lo atrás do paiol velho.
No pé de jatobá, os frutos caíam ao chão e chegava a fazer brejo em dias de chuva. O mesmo valia para as gabirobas.
Papai dizia para mamãe: por que será que esse menino não vai comer jatobá também.
Os jatobás estão perdendo.
As gabirobas estão apodrecendo de maduras.
Mas eu detestava jatobá. Uma fruta feia, com uma massa que grudava no céu da boca e tinha cheiro de pum.
Gabiroba era outra que para mim não valia nada, uma maça que parecia ter areia no meio.
Era uma meleca e com um sabor horrível.
Mas os ingás, os jambos, as amorinhas vermelhas, que delícia!
Não ficava nada para trás.
E as jabuticabas então? Em tempo de safra, eu passava muito mal.
Sem contar as frutas do conde que davam às beiras do riacho.
Os figos roxos que os pássaros mal conseguiam dar algumas bicadas.
As goiabas mal iam amarelando com um tom rosa por dentro e já eram devoradas.
As pitangas meio azedinhas eram de água na boca.
Os mamões maduros, as bananas, as laranjas, os abacaxis... Puxa vida!
Melancia que cresciam junto aos estercos do arrozal, parecia açúcar rosado.
As ameixas então, como eram boas!
Mas os jatobás e as gabirobas podiam apodrecer.
Que duas frutas horríveis.
Para mim eram primas do jiló e do quiabo.
É isso aí!
Acácio Nunes