O pão nosso e o Pai nosso
E ele que vinha passando incólume diante de nossos dietistas de plantão, leva agora uma lambada que, com pouco, cai ao chão. Alvo por natureza, o pão branco, de crítica, não recebe gentileza.
Uma pesquisadora cujo nome agora não me vem à lembrança, senão que seu nome é de origem polaca, contra o pão branco a arma saca e dispara, veemente, sem palavrões ou senões, condenando-o por cinco substantivas razões.
Se não me lembro do nome da acusadora, lembro-me menos desse terrível libreto que bem descreve o condenatório quinteto. No entanto, uma das razões da reprovação do pão branco é que ele facilita a instalação da diabetes-2; outra é que alimenta e não sustenta, outra ainda é que cria uma oscilação nociva na pressão sanguínea.
Resta saber agora se o pão comido na Santa Ceia, assim como aquele distibuído no milagre da multiplicação seria o ancestral direto do que agora da condenação se faz objeto.
Aliás vem-me aqui a lembrança daquele episódio de Madre Teresa entrando no Paraíso e sendo recebida diretamente pelo Pai, em cuja direita se sentou e depois do tanto sacro que se conversou, com Ele ceou, pão com sardinha
para matar a fome que tinha.
E, que ironia, enquanto comia, a Madre, do céu, o inferno via e lá, em pura orgia, do caviar ao faisão o menu ia, e todo mundo alegre, festeiro, se divertia.
No seu quinto dia paradisíaco, a Madre ganhou coragem para perguntar ao Pai porque, logo no céu, daquele refrão - sardinha e pão - não se sai.
Ao que, grave e suave, o Pai respondeu:
- Vê bem, boa Madre, achas que faz sentido cozinhar para dois?