O pão nosso e o Pai nosso

E ele que vinha passando incólume diante de nossos dietistas de plantão, leva agora uma lambada que, com pouco, cai ao chão. Alvo por natureza, o pão branco, de crítica, não recebe gentileza.

Uma pesquisadora cujo nome agora não me vem à lembrança, senão que seu nome é de origem polaca, contra o pão branco a arma saca e dispara, veemente, sem palavrões ou senões, condenando-o por cinco substantivas razões.

Se não me lembro do nome da acusadora, lembro-me menos desse terrível libreto que bem descreve o condenatório quinteto. No entanto, uma das razões da reprovação do pão branco é que ele facilita a instalação da diabetes-2; outra é que alimenta e não sustenta, outra ainda é que cria uma oscilação nociva na pressão sanguínea.

Resta saber agora se o pão comido na Santa Ceia, assim como aquele distibuído no milagre da multiplicação seria o ancestral direto do que agora da condenação se faz objeto.

Aliás vem-me aqui a lembrança daquele episódio de Madre Teresa entrando no Paraíso e sendo recebida diretamente pelo Pai, em cuja direita se sentou e depois do tanto sacro que se conversou, com Ele ceou, pão com sardinha

para matar a fome que tinha.

E, que ironia, enquanto comia, a Madre, do céu, o inferno via e lá, em pura orgia, do caviar ao faisão o menu ia, e todo mundo alegre, festeiro, se divertia.

No seu quinto dia paradisíaco, a Madre ganhou coragem para perguntar ao Pai porque, logo no céu, daquele refrão - sardinha e pão - não se sai.

Ao que, grave e suave, o Pai respondeu:

- Vê bem, boa Madre, achas que faz sentido cozinhar para dois?

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 29/08/2015
Reeditado em 29/08/2015
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