BODAS DE CACHAÇA

Não é crônica isso aqui, não é um poema

é uma prosa "desconcreta"

uma valsa na escadaria da igreja

um salto sobre o rio.

Não é uma crônica sóbria, mas é leve

de pouco peso na bagagem literária

sem hélices e sem motor de arranque.

Lido com palavras soltas, as ásperas eu assino

as lisas perco de propósito na rua,

alguém pode precisar de atenção

pode estar querendo ler alguma coisa amena

que traga um pouco de realidade.

Não é uma crônica isso aqui, não é um esquete

é um grito aberto em direção ao nada

na "rabeira" de uma onda distraída.

Estico minha rede nas estrelas

deito de papo para o azul do infinito

converso com anjos bêbados

sentados nas nuvens-trem.

Hoje faço bodas de cachaça,

isso aí, bodas de cachaça...

Nunca vi ninguém comemorar uma vergonha,

mas eu comemoro,

com direito a brinde, a porre e a susto.

Não é uma crônica, isso aqui não é,

mas são linhas com palavras juntas

com desenhos de ideias

com ranço de texto velho

com gosto de cerveja choca.

É, não é, não!!!!

Ricardo Mezavila
Enviado por Ricardo Mezavila em 28/08/2015
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