MÃOS DADAS

Confesso que sou um sujeito invejoso, mas minha inveja é positiva. Vejam bem, uma das minhas grandes invejas e, claro, frustrações, é que não consigo fazer um bom poema. Tento, tento, tento... e só sai verso de pé quebrado, algto forçado, a pulso, na marra, poema gambiarra.

Sei que há pessoas que simplesmente descartam a poesia. É um erro crasso. Tenho o mais absoluto respeito pelos poetas. Endosso o que disse, salvo engano, Ezra Pound: "Os poetas são as antenas da raça". Acho que a poesia é tão fundamental para o homem como o ar que ele respirra. Sem poesia a gente não vive, vegeta.

Gstaria um dia de elaborar um bom poema, nem que fosse apenas um, unzinho, mas que fosse realmente bom. Mas cadêr as musas, o lasmpejo, o dom? Por isso continuo com inveja dos poetas. Tem um poema de Drummond que leio quase todo dia, esse poema me fascina, fico rôxo de inveja positiva. É "Mãos Dadas", vou transcrevê-lo:

"Não serei o poeta do mundo caduco./ Também não cantare4i o mundo futuro./ Estou preso à vida e olho meus companheiros/ Estão taciturnos mas nutrem grandes esperqanças./ Entre eles, conidero a enorme realidade,/ o presente é tão grande, não nos afastamos./ Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.// Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,/ Não direi os suspiros ao anoitecer,/ a paisagem vista da janela,/ Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,/ Não fugirei para as ilhas/ nem serei raptado por serafins./ O tempo é minha matéria, o tempo presente,/ os homens presentes,/ A vida presente".

Eita poema bonito da gota serena. Quue inveja!. Ah, vida.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 28/08/2015
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